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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

MINHAS SAUDADES


Um E-mail me remeteu ao passado, as várias saudades... A saudade fala português, texto de Antônio Carlos Affonso. Ele nos mostra que sentir saudades é estar vivo, ao longo dos slides, revivi, sentir saudades... da minha infância, dos presentes que sonhava, mas nunca chegaram, dos presentes que chegaram... saudades das brincadeira nas ruas, nas calçadas dos vizinhos, saudades de Irene sinônimo, para mim, de infância... saudades do cheiro da chuva, das enxurradas, da cama da minha mãe, do seu cheiro, da sua voz, mesmo quando era pra chamar a minha atenção, quase sempre. rsrs... saudades dos medos noturnos, do medo do quarto mal assombrado da casa de Madrinha Abecy... saudades dos movimentos que fazia o cavalo, e eram sentidos por mim na sela sempre segura, firmemente, pelas mãos do meu irmão, mãos calejadas, porém afáveis... saudades do sítio, da espera no final de semana pela bala trazida pelo Tio, do pão, de fabricação artesanal, mas o melhor que já comi... do cheiro do curral, do frio das manhãs neblinadas... Saudades das viagens na boleia da CD 10, olhando atentamente tio Rubem dirigir.... o cheiro do meu tio, a sua voz... tantas saudades ...Tio Amaro cabelinho lizinho, seu sorriso com minhas brincadeiras e meus beijos... saudades do cheiro do caderno novo no primeiro dia de aula...da pulsação do coração ao ganhar a primeira bicicleta algo inimaginável... saudades da casa da Dida, do bolo ainda quente comido na forma, passando de mão em mão... Saudades das conversas, sentadas na calçada do Padre Juca... das conversas na beira do fogão na casa de Detinha, da torrada... saudades das imitações de Soro Sereno... das voltas na Praça da Bandeira... Saudades das conversas, gritarias... saudades da minha adolescência, bagunça na porta da casa de Dona Geny...amigos... Saudades dos dias dentro de um ônibus e da expectativa de chegar a SP na casa das minhas irmãs... Saudades do cafuné da minha nega Jal...Saudades das risadas da baixinha, quando falava dos seus namorados... Saudades das minhas irmãs TODAS... O tempo... saudades do apartamento da Vila Medeiros... Saudades do cheiro/sabor do feijão da Lelé, das brincadeiras com o Careca e a Lena, na porta da casa, saudades do medo ao atravessar a ponte do córrego... Saudades de tudo que vivi... Saudades do colo de Tia Loza... Saudades do tempo em que a rua do Fogo era o centro do Universo... Saudades de tantas, tantos.... saudades.. Saudades até da ralação, indo dar aula no Icó... saudades de tudo... das conversas com pessoas que vi uma vez... saudades de tudo...

Amanhã somarei outras saudades...

O texto como placebo Autoajuda encerra uma lição que vale para a ciência: O paciente precisa do amparo das palavras


Acredito que a leitura é uma terapia, principalmente se é a linha que você gosta. Muitos pensam que apenas os livros de autoajuda servem como terapia, mesmo não concordando, respeito. Encontrei esse texto do Moacyr Scliar muito interessante, vale como terapia.


por Moacyr Scliar
A palavra placebo (do latim agradarei) refere-se a uma substância ou um procedimento que teoricamente não faria efeito sobre o organismo, mas que acaba tendo resultados terapêuticos, pela crença que uma pessoa deposita nela. Pergunta: é o texto um placebo? No caso da ficção, pode-se dizer que sim. É algo que resulta da imaginação de um escritor, de um cineasta, de um dramaturgo; mas, quando agrada o espectador ou o leitor (um objetivo implícito na própria criação ficcional), exerce um efeito que poderíamos chamar de terapêutico. A ficção ajuda a viver. E isso inclui uma melhora da saúde – pelo menos do ponto de vista psicológico. Para muitas pessoas a leitura é um amparo, um consolo, uma terapia. Daí nasceu inclusive um gênero de livros que se tornou popular: as obras de autoajuda. Diferentemente da ficção, elas aconselham o leitor acerca de problemas específicos: luto, controle do stress, divórcio, depressão, ansiedade, relaxamento, autoestima, e até a felicidade. Esse tipo de leitura faz um enorme sucesso; não há livraria que não tenha uma seção destinada especialmente à autoajuda.
Um dos autores mais conhecidos dessa área é o médico hindu Deepak Chopra. Formado em medicina pela Universidade de Nova Déli, na Índia, emigrou para os Estados Unidos, especializou-se em endocrinologia e trabalhou no New England Memorial Hospital, em Massachusetts. Uma carreira médica habitual, portanto, que mudou em 1985, quando Chopra fundou a Associação Americana de Medicina Védica. Em 1993, mudou-se para San Diego, na Califórnia, onde fundou o The Chopra Center For Well Being. Ainda no mesmo estado, agora em La Jolla, criou em 1996 o Chopra Center. Fazendo um parênteses: a Califórnia é um conhecido reduto da vida e da medicina alternativas, como aromaterapia, osteopatia, toque terapêutico, terapia floral e outras.
Deepak Chopra é autor de mais de 50 livros de autoajuda, que, traduzidos em 35 idiomas, fizeram enorme sucesso; em 1999, a revista americana Time incluiu-o na sua lista das 100 personalidades do século, como o “poeta e profeta das terapias alternativas”. As obras mostram a diversidade de áreas que Chopra aborda: ele fala de religião e misticismo (budismo, cristianismo, cabala), dá conselhos a pais, aborda o envelhecimento, aconselha sobre guerra e paz, fornece “sete leis espirituais” para o sucesso, e publicou dois romances, em 1999, Lords of light (Senhores da luz), e em 2000, The angelis near (O anjo está perto). Também fundou, com seu filho, Gotham Chopra, uma editora de revistas em quadrinhos e criou, junto com dois colaboradores, um tarô cabalístico composto de 22 cartas, cada uma das quais representa a história de um personagem do Antigo Testamento.
Não faltam críticos para a medicina alternativa. O argumento principal é de que a medicina moderna deve se basear em evidências resultantes de estudos experimentais, epidemiológicos, estatísticos, o que não acontece com muitos dos métodos alternativos. Isto não quer dizer que esse tipo de tratamento não funcione, ou que a literatura de autoajuda não surta efeito. Neste último caso, o que temos é um apelo espiritual ou psicológico traduzido na palavra escrita, que, ao longo do tempo, sempre teve uma aura de autoridade e de verdade. Não por acaso as três grandes religiões monoteístas, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, baseiam-se em textos: o Antigo Testamento, o Novo Testamento, o Corão. Os muçulmanos, aliás, falam nos “povos do livro”. Por outro lado, a própria medicina tem uma longa tradição de obras escritas para o público em geral. Aquele que foi, talvez, o pioneiro de todos eles, o Regimen Sanitatis Salernitanum (Regime de Saúde da Escola de Salerno) – uma das primeiras escolas médicas do Ocidente – datada do século XII ou XIII, e dá conselhos em versos, para facilitar a leitura e a memorização. Creia-se ou não na autoajuda, ela encerra uma lição, que vale para a medicina científica: o paciente precisa do amparo das palavras. Se não encontrar um médico com quem possa falar, recorrerá aos livros de autoajuda. E isso é um problema porque, como se sabe – e diferentemente de nosso organismo – o papel aceita tudo.

http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_texto_como_placebo.html