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domingo, 17 de julho de 2011

BRASIL - Viveremos outra realidade?

A politicagem no País vem desde a colonização passando por todas as décadas até os nossos tempos. Em todos os mandatos nos alimentamos de esperança de que tudo mudará, que o povo com o seu grito por intercessão do voto, escolherão o melhor, mas entra presidente sai presidente e tudo continua. O País cresceu economicamente, isso não tem discussão, crescemos, mas a politicagem continua. Temos bons políticos, infelizmente são poucos. Tantas denúncias vieram a público, investigações foram feitas, mas a impunidade continua. Collor de Mello, Maluf, Arruda, Roberto Jeferson, José Dirceu, Severino Cavalcante, José Genoino, Renan Calheios, tantos outros que voltaram  ou voltarão.
Quem acompanhou o Movimento das Diretas Já, em 1984, acreditou num País melhor, justo. Liberdade conquistamos, mas pelo que vem acontecendo ao longo dos anos acredito que não fomos educados/preparados o suficiente para usufruirmos dessa liberdade. Acontecimentos como: Em 1º de dezembro de 1988 o senador Carlos Chiarelli (PFL-RS), relator da comissão parlamentar de senado que investiga casos de corrupção no governo federal, denuncia 29 pessoas, entre elas, o presidente José Sarney e alguns Ministros de Estado. São acusados de usar critérios escusos na liberalização de recursos públicos. A vitória de Fernando Collor provocou uma euforia momentânea, logo dissipada pelo fracasso dos sucessivos planos econômicos e pelas denúncias de corrupção que atingiam figuras próximas ao presidente. Quem se lembra do PC Farias, alguém sabe quem o assassinou?  Depois de intensa movimentação popular, Collor foi afastado do governo, em 1992, pelo processo de impeachment, conduzido pelo Congresso Nacional. Era Fernando Henrique de  1 de Janeiro de 1995 a 1 de janeiro de 2003, surgiram muitas denúncias relacionadas às privatizações, de favorecimentos para determinadas empresas internacionais na compra das estatais. Em 1997, foi aprovada pelo Congresso uma emenda constitucional permitindo a reeleição para cargos executivos: Presidente da República, Governadores e Prefeitos. Manobra política que beneficiaria FHC nas eleições de 1998. Outra vez o governo foi acusado de corrupção, por compra de parlamentares em troca do voto favorável à proposta de reeleição. A oposição instalou CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias. Mas Fernando Henrique e aliados conseguiram abafar o caso. Em 2001, o governo se viu abalado novamente, desta vez com uma crise política. Três Senadores da base aliada foram desmascarados com uma série de denúncias e acabaram renunciando ao mandato, são eles: Jader Barbalho, Antonio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda. Lula é eleito, um fato comemorado por muitos brasileiros que se viam na figura do Presidente do Povo, mesmo com sua popularidade sempre alta, várias crises surgiram em decorrência de denúncias de corrupção em empresas do Estado, como por exemplo, o mensalão, o escândalo dos Correios e vários outros que derrubaram diversos ministros, entre eles José Dirceu, Antônio Palocci, Benedita da Silva, Luiz Gushiken, entre outras personalidades de peso dentro do PT.  Dilma mais uma conquista inédita no País, uma mulher no poder, mas em poucos meses vários escândalos - saída de Palocci, cai o Ministro dos Transportes Alfredo Nascimento uns dos casos mais recentes.
Como acreditar em mudanças com um histórico desses, quase certo que outros escândalos virão, não só no Governo atual, pois ainda não aprendemos que o poder é do povo e que com o voto temos uma imensurável responsabilidade de escolher os nossos governantes aqueles que deveriam visar o bem do povo. Orientações Budistas para candidatos, governantes e políticos em geral, extraídos do livro LO QUE EL BUDDHA ENSEÑO de Walpola Rahula, como: Praticar a generosidade e a caridade. Governantes, políticos, pessoas públicas (homens e mulheres) não devem sentir avareza nem apego pela riqueza e muito menos pela propriedade, devem doá-la(s) para o bem-estar público. Ter um elevado caráter moral, ético e com virtudes. Nunca deve destruir vidas, trapacear, roubar, explorar outros, dizer mentiras. Sacrificar tudo pelo bem do povo. O governante deve estar disposto a sacrificar toda a comodidade pessoal, assim como o nome, a fama e, se necessário, a vida em benefícios dos governados. Honestidade e integridade no desempenho de suas funções, estar livre do medo e de todo favor, deve ser sincero em suas intenções e não enganar o povo. Muitos riram ao ler, “normal”, nossa realidade é outra.
Quando voltaremos a ter brasileiros com Luis Carlos Prestes e Carlos Marighella, dois lutadores revolucionários que se dedicaram completamente à luta por justiça social, por liberdade, pelo socialismo e por um futuro melhor para a humanidade. Emiliano José afirma que tanto Prestes quanto Marighella participaram decisivamente da vida política do País. "Prestes desde os anos 20 e Marighella a partir dos anos 30. Se encontram nos anos 30 no PCB. Depois foram presos e a partir daí passaram a militar juntos. Até o fim da vida se dedicaram à luta democrática. Se encontraram na reta final da vida. O essencial é que foram lutadores da liberdade e democracia, independente das diferenças momentâneas".  
Jorge Amado em nota da 20ª edição do livro O CAVALEIRO DA ESPERANÇA, em 1979, afirma que “... Discordar de Prestes, combatê-lo é direito de todos os seus adversários políticos. O que ninguém pode fazer, honradamente, é negar grandeza à sua presença em mais de meio século da vida nacional, o extremo amor ao Brasil, paixão a conduzi-lo numa extraordinária trajetória. Outro Texto escrito por Jorge Amado, RECONHECIMENTO, ao amigo Marighella, seu companheiro na bancada comunista da Assembléia Nacional Constituinte e na Câmara dos Deputados entre 1946 e 1948. Lido por Fernando Santana em 10 de dezembro de 1979 – Dia Universal dos Direitos do Homem – por ocasião do sepultamento dos restos mortais de Marighella no cemitério das Quintas, em Salvador.

Reconhecimento
 Jorge Amado
 “Chegas de longa caminhada a este teu chão natal, território de tua infância e adolescência.
Vens de um silêncio de dez anos, de um tempo vazio, quando houve espaço e eco apenas para a mentira e a negação.
Quando te vestiram de lama e sangue, quando pretenderam te marcar com o estigma da infâmia, quando pretenderam enterrar na maldição tua memória e teu nome.
Para que jamais se soubesse da verdade de tua gesta, da grandeza de tua saga, do humanismo que comandou tua vida e tua morte.
Trancaram as portas e as janelas para que ninguém percebesse tua sombra erguida, nem ouvisse tua voz, teu grito de protesto. Para que não frutificasses, não pudesses ser alento e esperança.
Escreveram a história pelo avesso para que ninguém soubesse que eras pão e não erva daninha, que eras vozeiro de reivindicações e não pragas, que eras poeta do povo e não algoz.
Cobriram-te de infâmia para que tua presença se apagasse para sempre, nunca mais fosse lembrada, desfeita em lama.
Esquartejaram tua memória, salgaram teu nome em praça pública, foste proibido em teu país e entre os teus.
Dez anos inteiros, ferozes, de calúnia e ódio, na tentativa de extinguir tua verdade, para que ninguém pudesse te enxergar.
De nada adiantou tanta vileza, não passou de tentativa vã e malograda, pois aqui estás inteiro e límpido.
Atravessaste a interminável noite da mentira e do medo, da desrazão e da infâmia, e desembarcas na aurora da Bahia, trazido por mãos de amor e de amizade.
Aqui estás e todos te reconhecem como foste e serás para sempre: incorruptível brasileiro, um moço baiano de riso jovial e coração ardente.
Aqui estás entre teus amigos e entre os que são tua carne e teu sangue. Vieram te receber e conversar contigo, ouvir tua voz e sentir teu coração.
Tua luta foi contra a fome e a miséria, sonhavas com a fartura e a alegria, amavas a vida, o ser humano, a liberdade.
Aqui estás, plantado em teu chão e frutificarás. Não tiveste tempo para ter medo, venceste o tempo do medo e do desespero.
Antonio de Castro Alves, teu irmão de sonho, te adivinhou num verso: “era o porvir em frente do passado”.
Estás em tua casa, Carlos; tua memória restaurada, límpida e pura, feita de verdade e amor.
Aqui chegaste pela mão do povo. Mais vivo que nunca, Carlos”.