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MULHER

Durante vários séculos, as mulheres estiveram relegadas ao ambiente doméstico e subalternas ao poder das figuras do pai e do marido. Hoje com toda conquista feminina, ainda lutamos pela equidade de gênero.
Criei está página com intuito de conhecermos um pouco sobre as MULHERES que fizeram e fazem parte da história.


Marie CuriePolônia 1967 a 1934

A biografia dessa mulher começa falando que ela foi a primeira mulher do mundo a ganhar um prêmio Nobel. Maria Sklodowska nasceu em 7 de setembro de 1867 em Varsóvia, Polônia. Filha caçula de cinco irmãs.
Sempre encorajada pelo pai a se interessar pela ciência, Marie termina os estudos aos 15 anos e começa a trabalhar como professora particular antes de se mudar para Paris em 1891, aos 24 anos, para continuar seus estudos. Em 1894 ela conhece o professor Pierre Curie com o qual se casa no ano seguinte passando então a ser chamada de Madame Curie. Na época Pierre trabalhava no Laboratório de Física e Química Industrial no qual trabalhariam juntos mais tarde.
Em 1883 e 1894 Marie obtém o grau de bacharel em física e matemática pela universidade de Sourbonne, em Paris, tornando-se depois a primeira mulher a lecionar nessa universidade quando da morte de seu marido em 1906.
Em 1898, após ter sua primeira filha Irene, Marie Curie inicia seus estudos sobre a radioatividade que Henry Becquerel havia descoberto dois anos antes (o termo “radioatividade” só foi cunhado por Marie Curie em 1898, mas Becquerel já havia feito alguns estudos sobre a radiação emitida pelos compostos de urânio em 1896, tendo contudo abandonado os estudos a respeito por não considerá-los promissores. Até então referia-se ao fenômeno como “hiperfosforecência”).
As pesquisas realizadas por Marie Curie com a auxílio de seu marido Pierre induziram a descoberta de dois novos elementos químicos: o polônio, que ganhou este nome em homenagem ao país natal de Marie, e o rádio. A pesquisa do casal acendeu um novo caminho a ser explorado na pesquisa científica e médica, levando muitos cientistas da época a estudar o assunto.
Em 1903, Marie finalmente defende sua tese e obtém o título de doutora pela Sourbonne tornando-se a primeira mulher a receber o título nesta universidade. No final do mesmo ano, Marie e Pierre Curie recebem o prêmio Nobel de física pela descoberta dos dois elementos químicos junto com Becquerel que foi o primeiro a estudar o fenômeno. Em 1904 nasce sua segunda filha Eve.
Após a morte de seu marido em 1906, Marie continua a estudar a radioatividade, principalmente suas aplicações terapêuticas e, em 1911, recebe outro prêmio Nobel, desta vez em química, por suas pesquisas com o rádio tornando-se a primeira pessoa, até então, a ganhar duas vezes o prêmio Nobel.
Em 4 de julho de 1934 Marie falece devido a uma leucemia causada pela longa exposição aos elementos radioativos.


Fontes
http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Biografias/Curie/Curie3.htm
http://www.ucs.br/ccet/defq/naeq/material_didatico/e-museu_quimica_01.htm
http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1903/marie-curie-bio.html
http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_29/MarieCurie.html



Chiquinha Gonzaga - Brasil de 1847 a 1935

Francisca Edwiges Neves Gonzaga era filha do militar José Basileu Neves Gonzaga e da mulata Rosa Maria de Lima. Ganhou um piano de seu pai aos 9 anos e compôs a sua primeira música aos 11 anos.
Casou-se com o oficial da Marinha Mercante Jacinto Ribeiro do Amaral aos 13 anos. Aos 16, nasceu o primeiro filho, João Gualberto. No ano seguinte, teve Maria.
Três anos depois, já seduzida pela música, decidiu separar-se do marido, o que provocou o rompimento das relações com o seu pai.
Chiquinha passou a viver com João Baptista de Carvalho, um bon-vivant com quem teve a filha Alice Maria. Em 1876, o casal decidiu mudar-se para o interior de Minas Gerais. Ao surpreender o amado com outra mulher, Chiquinha deixou-o, com a filha, que ainda não havia completado um ano, e partiu de vez para a carreira artística, compondo e dando aulas para se sustentar.
O flautista Antônio da Silva Calado a introduziu nas rodas de chorões do Rio de Janeiro. Num desses encontros de músicos, em 1877, ela compôs, de improviso, a polca "Atraente", seu primeiro sucesso. Depois musicou operetas e dirigiu concertos, tornando-se a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Além da música, Chiquinha participava ativamente do movimento pela libertação dos escravos. Vendia de porta em porta suas partituras, a fim de angariar fundos para a causa. Com o dinheiro que conseguiu ao vender a partitura de sua música "Caramuru", Chiquinha Gonzaga comprou, em 1888, a alforria do escravo e músico José Flauta, antecipando-se poucos meses à Lei Áurea. Foi também uma participante ativa da campanha pela proclamação da República.
Em 1897, compôs o tango "Gaúcho", lançado na peça "Zizinha Maxixe", de Machado Careca que, quatro anos mais tarde, faria uma letra para a composição, que passaria a se chamar "Corta-Jaca". Essa música fez tanto sucesso que foi incluída na revista luso-brasileira Cá e Lá, encenada em Portugal e executada numa audição no Palácio do Catete, feita por Nair de Tefé, a esposa do presidente . O evento foi considerado uma quebra de protocolo e um escândalo nas altas esferas do poder brasileiro.

Enquanto ouvia o ensaio do Cordão Rosa de Ouro, no Andaraí, em 1899, Chiquinha compôs a sua primeira marcha carnavalesca, "Ó Abre Alas". Em 1902, fez uma viagem à Europa, mudando-se para Lisboa em 1906. Voltou acompanhada por João Batista (Joãozinho Gonzaga), um rapaz 36 anos mais jovem, que havia conhecido ainda no Rio.
Em 1912, Chiquinha assistiu à estréia de "Forrobodó", opereta que musicara, escrita por Luiz Peixoto e Carlos Bittencourt. Três anos depois, Chiquinha musicou a peça "A Sertaneja", de Viriato Correia.
Participou da fundação da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), em 1917, e lançou campanha de fundos destinados à construção de uma nova sepultura para Francisco Manuel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro, dois anos depois.
Em 1933, aos 85 anos, escreveu sua última partitura, "Maria". Chiquinha morreu em 1935. Durante a sua vida, musicou aproximadamente 77 peças de teatro. Sua obra reúne mais de 2.000 composições, entre valsas, polcas, tangos, maxixes, lundus, fados, serenatas, músicas sacras. Entre suas inesquecíveis criações estão "Ó Abre Alas", "Atraente", "Casa de caboclo", "Faceiro", "Falena" e "Lua branca", entre outras.






Camille Claudel - Aisne 8/12/1864 - Paris 19/10/1943

Camille tinha dois irmãos, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel. Ela impõe a seu irmão, assim como a sua irmã caçula Louise, sua forte personalidade. Segundo Paul, ela declarou desde cedo seu desejo de ser escultora. Camille também tinha certas premonições e previu também que seu irmão se tornaria escritor e sua irmã Louise seria musicista.
Seu pai, a incentivou pois verificou que a filha tinha talento, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos com impressionante verossimilhança, a colocou em escolas e cursos de primeira linha. Sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos, colocando-se sempre contra todo aquele empreendimento, reagindo muitas vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incômodos e custos excessivos para a manutenção de seu "capricho".
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca de seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène — coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans — Châteauroux).
O tempo passa, e seu professor Rodin, impressionado pela solidez e tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê na rua da Universidade em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários anos a serviço de seu mestre, por quem é secretamente apaixonada, e ela mantem-se à custa de sua própria criação, pois ela ganha salário como aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual obra de seu professor ou da aluna. Às vezes se confunde em quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu trabalho que parece que há anos ela trabalha com arte. Suas esculturas e as de Rodin são muito idênticas, fato que aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso de amor. Porém Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes dificuldades: De um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose Beuret, sua namorada desde os primeiros anos difíceis, e de outro lado, alguns afirmam que suas obras seriam executadas por seu próprio mestre, ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará se distanciar de Rodin e a fazer suas obras de arte sozinha. Percebe-se muito claramente essa tentativa de autonomia em sua obra (1880-94), tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa  (La Valse — Museu Rodin) ou A Pequena Castelã  (La Petite Châtelaine, Museu Rodin). Esse distanciamento segue até o rompimento definitivo em 1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura  (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que seu romance com Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele prefeiu a namorada, Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a levará à paranóia e a loucura. Ela instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon e continua sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente Rodin, mas ao mesmo tempo o odeia por ele tê-la abandonado. Ela se entregou a esse homem de corpo e alma e em troca só teve ingratidão e abandono. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a amiga em dificuldade. Suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela passa a ficar estranha e obsessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa a se lembrar de seu passado, a mãe a impedindo de ser uma artista e lembranças ruins da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905, os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê em seus delírios. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin roubará suas obras de arte para moldá-las e expô-las como sua. Ela passa a achar que o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe furtar suas obras de arte. Nessa fase ela passa a falar sozinha e já adquiriu a esquizofrenia. Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Camille cria histórias imaginárias que ela passa a achar que são puramente verdade. Nessa terrível época que suas crises de loucura aumentam, vive um grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Ela se isola e como mora sozinha no hotel, ninguém sabe de sua condição, pois ela rompe a amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu quarto. Ela se mantém vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
Seu pai, seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre em 3 de março de 1913, o que piora por completo sua depressão e a faz sair da realidade mais ainda. Ela entra em uma crise violenta, quebrando tudo e gritando, e em 10 de março, ela é internada no manicômio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida paraVilleneuve-lès-Avignon onde morre, após trinta anos de internação e desespero, passando todo esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de outubro de 1943, aos 79 anos incompletos.



Maria Firmina dos Reis - Brasil - de 1825 a 1917

Negra, nordestina, pobre, bastarda, mulher. Tudo isso em um Brasil escravocrata no século XIX. Ainda assim, com os mais louváveis méritos, Maria Firmina dos Reis se estabeleceu como uma das escritoras mais admiráveis de toda a literatura brasileira. Viveu e escreveu em condições opostas às que sonhava Virginia Woolf.
Maria Firmina dos Reis nasceu em 1825 em São Luís, Maranhão. Bastarda, Maria Firmina viveu com uma tia materna, que possuía situação financeira relativamente boa. Muito jovem, aos 22 anos, Maria Firmina dedicou-se ao magistério, uma das poucas atividades trabalhistas “designadas” às mulheres de sua época. Após vencer em um concurso público, passa a lecionar como professora de primeiras letras na cidade de Guimarães-MA. Paralelamente às atividades como professora, Maria Firmina possui participação constante na imprensa local, publicando diversas poesias, crônicas e contos.
Anos depois, após se aposentar na década de 1880, a escritora ainda fundaria a primeira escola mista e gratuita do Estado.  Maria Firmina voltara às salas de aula, mas a escola teve que ser fechada na época por causa do escândalo causado no povoado de Maçaricó, devido ao fato da escola “misturar” meninos e meninas. Sempre lutando pela educação e melhores condições aos negros e as mulheres, ela ainda seria responsável pela composição do Hino da Abolição da Escravatura.
"Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão fomos amarrados em pé e para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa." ("Úrsula", de Maria Firmina dos Reis).
Maria Firmina desconstrói igualmente uma história literária etnocêntrica e masculina até mesmo em suas ramificações afro-descendentes. Úrsula não é apenas o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, fato que, inclusive, nem todos os historiadores admitem. É também o primeiro romance da literatura afro-brasileira, entendida esta como produção de autoria afro-descendente, que tematiza o assunto "negro" a partir de uma perspectiva interna e comprometida politicamente em recuperar e narrar a condição do ser negro no Brasil. Acresça-se a isto o gesto (civilizatório) representado pela inscrição em língua portuguesa dos elementos da memória ancestral e das tradições africanas. Texto fundador, Úrsula polemiza com a tese segundo a qual nos falta um “romance negro”, pois apesar de centrado nas vicissitudes da heroína branca, pela primeira vez em nossa literatura, tem-se uma narrativa da escravidão conduzida por um ponto de vista interno e por uma perspectiva afro-descendente.
No prólogo da obra, a autora afirma saber que “pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados.” Por trás dessa declaração de modéstia, a escritora revelou sua condição social: o fato de não ter estudado na Europa, nem dominar outros idiomas, como era comum entre os homens educados de sua época, por si só indicava o lugar que ocupava na sociedade em que nasceu. É desse lugar intermediário, mais próximo da pobreza que da riqueza, que Maria Firmina corajosamente levantou sua voz através do que chamou “mesquinho e humilde livro”. E, mesmo sabendo do “indiferentismo glacial de uns” e do “riso mofador de outros”, desafiou: “ainda assim o dou a lume”.
Maria Firmina dos Reis morreu em 1917 aos 92 anos na cidade de Guimarães. Teve em vida o privilégio de presenciar a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Porém, infelizmente, não pode presenciar o devido reconhecimento dos críticos de sua época pelas suas obras e lutas. “Revelada” ao grande público apenas na década de 1970, Maria Firmina dos Reis ainda é pouco presente na historiografia da literatura canônica brasileira. É válida portanto, indubitavelmente, toda a menção honrosa a memória dessa grande brasileira. Negra, nordestina, pobre, bastarda, mulher.





Carla Barton - Estados Unidos - de 1821 a 1849


Clarissa Harlowe Barton nasceu em  25 de dezembro de 1821, em North Oxford, Massachusetts. Aos 17 anos, Clara se tornou professora no Condado de Worcester. Durante os seguintes seis anos, lecionou em várias escolas, antes de estabelecer sua própria escola no norte de Oxford. Aos 29 anos, depois de ensinar durante mais de dez anos, Clara ansiava por uma mudança e entrou para o Instituto Liberal, em Clinton, Nova York, uma escola para professores do sexo feminino. Entre seus outros trabalhos, Clara trabalhou em sua escrita e teve aulas particulares de francês.
Com a eclosão da Guerra Civil, Clara demitiu-se do Escritório de Patentes para trabalhar como voluntária nos fornecimentos de pensos, meias e outros bens para ajudar os soldados feridos. Em 1862, Clara teve permissão para entregar suprimentos diretamente para a frente, o que fez sem falhar para os dois anos seguintes. Em 1864, Clara Barton teve o cargo de superintendente da União das enfermeiras. Após a guerra, ela recebeu permissão do Presidente Lincoln para começar uma campanha de cartas para procurar os soldados desaparecidos.
Durante os anos seguintes à guerra, Clara deu palestras sobre suas experiências de guerra, continuou seu trabalho no Gabinete de Correspondência e trabalhou com o movimento sufragista. No entanto, em 1869, teve um esgotamento físico. Ela seguiu as ordens do seu médico e viajou para a Europa para descansar e recuperar sua saúde. Foi durante essa viagem que Barton aprendeu sobre o Tratado de Genebra, que proporcionou um alívio para os soldados doentes e feridos. Doze nações assinaram o tratado, mas os Estados Unidos se recusaram. Barton prometeu estudar o assunto. Durante este tempo, Barton também aprendeu sobre a Cruz Vermelha. Ela observou a organização em ação durante a viagem com vários voluntários para a frente da Guerra Franco-Prussiana.
Quando retornou para os Estados Unidos em 1873, ela começou sua cruzada para o Tratado de Genebra e a Cruz Vermelha. Depois de passar o tempo em um spa em Dansville, New York, para melhorar a saúde dela, Barton mudou-se para Washington DC para fazer lobby por suas causas. Devido a seus esforços, os Estados Unidos assinaram o Acordo de Genebra em 1882. Além disso, a Cruz Vermelha Americana foi formada em 1881 e Barton serviu como sua primeira presidente. Vários anos depois, ela escreveu a emenda para a Constituição americana, que prevê socorro em tempo de paz, como de guerra.
Barton ficou presidente da Cruz Vermelha até 1904. Durante seu mandato, ela chefiou o trabalho de alívio de desastres como a fome, enchentes, pestes e terremotos nos Estados Unidos e em todo o mundo. A última operação que ela dirigiu pessoalmente foi o apoio às vítimas da inundação de Galveston, Texas em 1900. Além disso, ela serviu como emissária da Cruz Vermelha e dirigiu várias conferências internacionais.

Clara Barton morreu em 12 de abril de 1912, de complicações de um resfriado. A missão de sua vida pode ser resumida em suas próprias palavras: "Você nunca deve pensar tanto como quer você goste ou não, se é suportável ou não, você nunca deve pensar em nada, exceto a necessidade, e como para atender isso.”





Anita Garibaldi - Brasil - de 1821 a 1849

Anita Garibaldi (1821-1849) nasceu em Laguna, Santa Catarina, no dia 30 de agosto de 1821. De família portuguesa, veio dos Açores para Santa Catarina. Filha de Maria Antônia de Jesus e Bento da Silva, modesto comerciante da cidade de Lages.
Anita Garibaldi, com a morte de seu pai, foi obrigada a casar com o sapateiro Manuel Duarte de Aguiar. No dia 30 de agosto de 1835, com apenas 14 anos, casa-se na Igreja Matriz de Santo Antônio dos Anjos. O casamento durou apenas três anos, o marido se alistou no exército imperial e Anita voltou para casa de sua mãe.
Em 1835, desembarca no Rio de Janeiro, o guerrilheiro italiano Giuseppe Garibaldi. Nesse mesmo ano participa da Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), onde conheceu Anita Ribeiro da Silva, que também lutava na revolução. Anita, já unida a Garibaldi, participou ativamente do combate em Imbituba, Santa Catarina e da batalha de Laguna onde carregou e disparou um canhão.
Durante a Batalha de Curitibanos, Anita foi capturada pelas tropas do Império. Grávida de seu primeiro filho, foi informada que seu marido havia morrido. Inconformada, conseguiu fugir a cavalo e saiu a sua procura, localizando o marido na cidade de Vacaria. No dia 16 de setembro de 1840 nasce seu filho Domênico Menotti. O casal teve mais dois filhos, Teresita e Ricciott. Em 1842 casam-se na paróquia de San Bernardino. No mesmo ano eclodiu a guerra contra a Argentina, onde Garibaldi comandou a frota uruguaia.
Em 1947, Anita acompanha o marido, que volta para Itália, levando seus três filhos. Giuseppe permanece em Roma onde realizavam-se as primeiras manifestações públicas que resultariam nas lutas pela unidade e independência da Itália. Anita e seus filhos seguem para Nice, na França. Depois de vários combates, Garibaldi viaja para Nice, onde encontra-se com Anita, seus filhos e sua mãe.
Em 1949, Garibaldi e Anita seguem para os combates em Roma, mas são perseguidos e durante a fuga, próximo a província de Ravenna, Anita é acometida por febre tifoide e não resiste.
Anita Maria de Jesus Ribeiro morre no dia 04 de agosto de 1849. Em Roma, na colina de Gianicolo, foi erguido um monumento equestre, onde está enterrado seu corpo.



Rainha Vitória - Inglaterra - de 1819 a 1901


No dia 24 de maio de 1819, nasceu Alexandrina Vitória Regina, filha do duque de Kent e da ex-princesa de Leininge. O pai de Vitória faleceu quando ela completou oito meses; aos 18 anos a jovem herdou o trono de seu tio, o rei da Inglaterra Guilherme IV.
Após assumir o poder em 1837, a rainha Vitória enfrentou seu primeiro desafio, a ascensão do movimento cartista (reivindicação dos trabalhadores) até meados de 1850. Três anos depois de sua posse como rainha, Vitória casou-se com seu primo, o príncipe Alberto, no ano de 1840, juntos tiveram nove filhos. Alberto desempenhou grandes influências no governo de Vitória, incentivou o desenvolvimento das artes e das ciências, modernizou e fortaleceu o exército britânico.
Vitória era amante das letras, estudou geografia, história, falava fluentemente além do inglês, o francês e o alemão, também tocava piano; podemos dizer que a rainha Vitória era uma erudita apreciadora de artes, aliás, desempenhou a prática da pintura até seus setenta anos.
Uma dura perda foi a morte de seu marido Alberto, no ano de 1861, a rainha se desmanchou em lágrimas e viveu em luto por quase toda sua vida. O governo de Vitória perdurou 64 anos, tornou-se o maior reinado da história da Inglaterra. Mais conhecido como a “Era Vitoriana”, o principal feito durante o seu reinado foi o apogeu da política industrial e colonialista inglesa, marcado pela prosperidade industrial da burguesia.
Dessa forma, os últimos trinta anos da “Era Vitoriana” foram marcados pelo Imperialismo e Neocolonialismo britânico, as potências industriais europeias (Inglaterra, França, Alemanha) submeteram, dominaram e exploraram os continentes asiático e africano. Durante o seu reinado aconteceram alguns conflitos, como a Guerra da Crimeia (1853-1856) e a guerra dos Boers na África do Sul (1899-1901). 
Além das atribulações políticas, a rainha Vitória desempenhou uma série de atribuições sociais, como a Abolição da Escravidão no Império Britânico (1838), reduziu a jornada de trabalho dos trabalhadores da indústria têxtil para dez horas (1847), instalou o “Third Reform Act”- direito ao voto de todos os trabalhadores (1884).
No ano de 1901, a rainha Vitória faleceu, deixando um grande legado para a Inglaterra: a expansão territorial do império britânico e o fortalecimento da indústria inglesa e da burguesia industrial.

Leandro Carvalho - Mestre em História




ANA NERI - BRASIL - 13/12/1814 a 20/05/1880

    Ana Justina Ferreira nasce no dia 13 de dezembro de 1814, nasceu na vila Cachoeira do, no interior da Bahia, filha de Luísa Maria das Virgens e José Ferreira de Jesus. Ela casa aos 23 anos de idade com Isidoro Antônio Néri, capitão-de-fragata da Marinha, e passa a se chamar Ana Justina Ferreira Néri.

     Com o marido sempre ausente, trabalhando em alto-mar, Ana acostuma-se a ter todos os encargos da família sob a sua responsabilidade. Isidoro morre a bordo do brigue Três de Maio, no Maranhão, deixando-a viúva aos 29 anos de idade e com três filhos pequenos para educar. Sozinha, ela forma os dois primeiros em medicina e, o último, segue a carreira militar.
     Em 1865, com a formação da Tríplice Aliança - Brasil, Argentina e Uruguai - o Brasil luta contra o Paraguai - na histórica Guerra do Paraguai - e os filhos de Ana são convocados pelo exército para lutar nas frentes de batalha. Muito sensibilizada com o fato, ela manda um ofício para o presidente da província, solicitando para si mesma um trabalho na guerra, como enfermeira, alegando, basicamente, dois motivos principais: primeiro, a dor causada pela separação dos filhos e, segundo, a vontade de atenuar o sofrimento dos combatentes.
     Aos 51 anos de idade, e sem esperar a resposta do seu pleito, Ana Néri viaja para o Rio Grande do Sul, e lá aprende as primeiras noções de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. No dia 13 de agosto de 1865, visando cuidar dos doentes e feridos, a baiana parte para o front de batalha, com o exército de voluntários, tornando-se a primeira mulher enfermeira do país.
    Devido à sua grande coragem e conhecimentos de fitoterapia, e a despeito da falta de condições de trabalho, Ana Néri consegue permanecer quase cinco anos no front, chamando a atenção, como enfermeira, em todas as regiões por onde passa. Cabe registrar que, além dos seus filhos, lutam na guerra dois dos seus irmãos. Nos campos de batalha, a enfermeira perde um filho e um sobrinho.
    Com recursos próprios herdados de sua família, Ana Néri monta uma enfermaria-modelo em Assunción, capital do Paraguai, cidade que se encontra sitiada pelo exército brasileiro.
   No final da guerra, ela retorna ao Brasil com três pequenos órfãos - filhos de soldados desaparecidos nos combates – e os educa como se fossem seus filhos legítimos. Sensibilizado com este fato, D. Pedro II lhe concede uma medalha e uma pensão vitalícia, para que as crianças possam ter uma boa qualidade de vida.
   Pelos relevantes serviços prestados aos soldados brasileiros, Ana Néri recebe da população do Rio de Janeiro calorosa manifestação de afeição: uma chuva de pétalas de rosas e uma coroa de ouro cravejada de diamantes, onde se lia gravado:

À heroína da caridade, as baianas agradecidas.

   A coroa encontra-se, hoje, no Museu do Estado da Bahia. Vítor Meireles pinta o seu retrato em tamanho natural, o qual se encontra exposto na sede da Cruz Vermelha Brasileira; e Ana ganha um álbum com a seguinte dedicatória:

Tributo de admiração à caridosa baiana por damas patriotas.

  Ana Néri chega à Bahia no dia 5 de julho de 1870, é condecorada com as medalhas de Humaitá e de Campanha, e ocupa um lugar de honra da Câmara Municipal de Salvador. Devido à sua posição de vanguarda, o médico e professor Carlos Chagas, diretor do Instituto Osvaldo Cruz, coloca seu nome na primeira escola brasileira de enfermagem, de alto padrão. Por outro lado, o presidente Getúlio Vargas constitui o dia 12 de maio como o Dia do Enfermeiro, através do Decreto no. 2.956. E, dentre outras homenagens recebidas, a Rua da Matriz, local onde a heroína baiana nasceu, passa a se chamar Rua Ana Néri.
 No dia 20 de maio de 1880, aos 66 anos de idade, Ana falece no Rio de Janeiro, e é sepultada no Cemitério São Francisco Xavier.
 Como uma justa homenagem, em um dos locais mais visitados pelos turistas - o Pelourinho, na cidade de Salvador – foi criado o Museu Ana Néri, para divulgar os aspectos mais significativos da vida dessa baiana, e resgatar a história da enfermagem brasileira, do século XIX até a atualidade.
                                                  
FONTES CONSULTADAS:
BIOGRAFIA de Ana Néri: – a matriarca da Enfermagem. Disponível em: <http://www.e-biografias.net/biografias/ana_neri.php>. Acesso em: 30 jan. 2005.

DECRETO n. 2.956 – Dia do enfermeiro. Disponível em:http://www.jurisway.org.br/v2/bancolegis1.asp?idmodelo=3573 Acesso em: 9 nov. 2008.




Nísia Floresta - Brasil - 1810 a 1885
Filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com uma brasileira, Antônia Clara Freire, foi batizada como Dionísia Gonçalves Pinto, mas ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Floresta, o nome do sítio onde nasceu. Brasileira é o símbolo de seu ufanismo, uma necessidade de afirmativa para quem viveu quase três décadas na Europa. Augusta é uma recordação de seu segundo marido, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem se casou em 1828.
Em 1831, ela começa a escrever para um jornal pernambucano uma série de artigos sobre a condição feminina. Do Recife, Nísia vai para o Rio Grande do Sul onde se instala e dirige um colégio para meninas. A Guerra Fria interrompe seus planos e Nísia resolve fixar-se no Rio de Janeiro, onde funda e dirige os colégios Brasil e Augusto, notáveis pelo alto nível de ensino.

Nísia viveu num período histórico em que a mulher estava totalmente à margem da sociedade, sofrendo diversos tipos de exclusão, entre eles a exclusão de não ter uma educação cientifica e de qualidade. A educação para as mulheres não passava de ensinamentos socialmente destinados “a mulher” e “para a mulher”. Nesse contexto Nísia foi pioneira, pois esteve presente na luta pelos direitos da mulher e a igualdade entre mulheres e homens, sobretudo no campo intelectual.
Em 1849, por recomendação médica leva sua filha, gravemente acidentada, para a Europa. Foi em Paris que morou por mais tempo. Em 1853,  publicou Opúsculo Humanitário, uma coleção de artigos sobre emancipação feminina que foi merecedor de uma apreciação favorável de Auguste Comte.
Esteve no Brasil entre 1873 e 1875, em plena campanha abolicionista liderada por Joaquim Nabuco. Retorna para a Europa em 1875 e, três anos depois, publica seu último trabalho Fragments d’un ouvrage inédit: Notes biographiques.
Nísia morreu  faleceu em Rouen, na França, aos 75 anos, a 24 de abril de 1885, de pneumonia. Foi enterrada no cemitério de Bonsecours. Em agosto de 1954, quase 70 anos depois, seus despojos foram transladados pra o Rio Grande do Norte e levados para sua cidade natal, Papari, que já se chamava Nísia Floresta. Primeiramente foram depositados na igreja matriz, depois foram levados para um túmulo no sítio Floresta, onde ela nasceu. 





Bibiana Benítez - Porto Rico - 1783 a 1873

Bibiana Benítez ( No Brasil muitos escrevem Bibiana Benites) nasceu 10 de dezembro de 1783, em uma família de classe média na cidade de Aguadilla – Porto Rico. Foi a primeira poeta conhecida de Porto Rico e umas das primeiras dramaturgas. Sua família amava literatura e seu pai era dono de uma biblioteca particular que continha uma coleção dos melhores livros disponíveis no momento.  Benítez freqüentou as melhores escolas, onde ela aprendeu sobre a poesia e composição.

Em 1813, ela se mudou para a cidade costeira de Luquillo, onde escreveu a maioria de seus poemas. Em 1820, seu irmão Pedro José Benítez e sua esposa morreu e ela passou a cuidar de sua sobrinha Alejandrina Benítez de Gautier, que, no futuro, tornar-se uma poetisa de renome. Benitez foi também a tia-avó de quem é considerado o maior poeta porto-riquenho, José Gautier Benítez.
Em 1832, Benitez publicou seu primeiro poema, La Ninfa de Puerto Rico, que é considerado o primeiro poema escrito por uma porto-riquenha mulher. Ela também se tornou a primeira mulher, no seu país, a escrever uma peça dramática, La Cruz Del Morro. A peça foi baseada no ataque da cidade de San Juan pelos Holandeses, com a intenção de invadir a Porto Rico em 1625 e a defesa heróica pelos ilhéus. Entre seus poemas mais conhecidos são: "Soneto" (1839), "Diálogo Alegórico" (1858) e "A La Vejez.”
Benitez mudou-se para a Calle Cristo na cidade de San Juan. Em San Juan  publicou o resto de seus poemas. Entre seus poemas mais conhecidos são " Soneto "(1839) e" Diálogo Alegorico "(1858). Maria Bibiana Benitez morreu em 18 de abril de 1873 em San Juan de Porto Rico.
Um dos poemas que mais gosto.
Sinto orgulho em saber
que meu passado me permitiu
ter mais sensibilidade.
Hoje me sinto menos tempestuosa e
mais, bem mais pronta, próxima de mim,
do que fui, do que sou, dessa pessoa
que o tempo me fez.
Hoje, sou mais compreensiva
diante desse futuro que me brinda
com gentil delicadeza.
Surpreendo-me quando
me pego espalhando flores
no caminho que cruzo.
Quem sabe essa não seja
a confirmação de que preciso continuar.
Acho que isso é o que me salva todos os dias.
É essa esperança de vida que me consome.



Mary Wollstonecraft Shelley - Londres 1797 a 1851


Mary Shelley era filha de Mary Wollstonecraft, considerada uma das primeiras feministas e morreu dez dias após o nascimento da filha. Ela ficou conhecida pela publicação das obras “A Reivindicação dos Direitos da Mulher (1792)” e “Os Erros da Mulher”. O pai de Mary Shelley, William Godwin, era jornalista, escritor e teórico anarquista, considerado o precursor da filosofia libertária. Publicou a obra “Uma Investigação Concernente à Justiça Política” (1793) que o tornou famoso e mais algumas obras dentre as quais destacamos “As Coisas Como São” e “As Aventuras de Caleb Williams” (1794).
Como boa filha, Mary publicou seu primeiro poema aos dez anos de idade e aos dezesseis, ousadamente, fugiu de casa para viver com Percy Bysshe Shelley, apenas cinco anos mais velho, mas já bastante famoso poeta romântico que se casara há apenas cinco anos antes com Harriet Westbrook com quem tivera dois filhos. Após o suicídio de Harriet, Mary e Percy se casaram, em 1816 e Mary adotou o sobrenome de seu marido passando a se chamar de Mary Wollstonecraft Shelley.
A fuga de ambos os levou a se encontrar com Lord Byron em Genebra, na Suíça, com quem manteriam bastante contato e que teria sido o responsável por instigar Mary a escrever sua obra mais famosa. Segundo a história, Mary e Percy Shelley, Claire Clairmont e Lord Byron estavam em mais uma de suas reuniões quando Byron propôs a Mary que escrevesse a mais terrível história que pudesse. Encorajada por Percy, um ano depois Mary publicaria sua obra intitulada “Frankenstein, ou Moderno Prometeus”, o qual logrou um enorme sucesso.
Mas, ao contrário do que muitos podem afirmar, e do que se tornaram os filmes que, mais tarde, tentariam reproduzir a belíssima história de Mary Shelley, Frankenstein não é uma história de terror. Frankenstein fala da história de um cientista (Victor Frankenstein) que obcecado por tentar recriar a vida, fica horrorizado ao ver que cometera um erro. Em uma certa parte do livro ele chega a refletir sobre sua responsabilidade sobre o que fizera e a criatura à quem dera a vida, e o quão errada é a busca cega e pelo conhecimento.
Em 1822, Percy morre afogado na baía de Spezia, próximo a Livorno, Itália. Mary então voltou para a Inglaterra e dedicou-se a publicar as obras de seu marido, mas não parou de escrever.
Algumas obras de Mary Shelley foram “Faulkner” (1937), “Mathilde” (publicada em 1959), “Lodore” (1835), “Valperga” (1823) e “O Último Homem” (1826), considerada pela crítica como sua melhor obra e que teve grande influência sobre a ficção científica. Em “O Último Homem” Mary conta a história do fim da civilização humana e sua destruição por uma praga. Mary Wollstonecraft Godwin faleceu em 1851.





Maria Quitéria - Bahia - Brasil - 1792 a 1853


Maria Quitéria (1792-1853) foi militar brasileira. Pioneira na luta de reconhecimento da independência. Baiana de nascimento e com grande habilidade no uso da arma de fogo, inscreveu-se como voluntária para lutar contra as províncias que não reconheciam D.Pedro como imperador. A Bahia tinha grande contingente militar português e apresentou resistência às forças do imperador. Para comandar as tropas brasileiras D.Pedro enviou à Bahia o general Pierre Labatut, que organizou as tropas e que obtiveram as primeiras vitórias contra os portugueses. Maria Quitéria teve atuação destacada em lutas importantes. Foi condecorada com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul.
Maria Quitéria de Jesus nasceu no dia 27 de julho, no sítio do Licorizeiro, no arraial de São José de Itapororocas, hoje Feira de Santana na Bahia. Filha do fazendeiro Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus, que morreu quando a filha tinha dez anos. Quitéria assumiu a casa e cuidou dos dois irmãos. Seu pai casou pela segunda vez, mas logo ficou viúvo. Casou novamente e teve mais três filhos. Sua nova esposa não apoiava o comportamento independente de Maria Quitéria.
Maria Quitéria não frequentou a escola. Dominava a montaria, caçava e manejava armas de fogo. Deflagradas as lutas de apoio à independência em 1822, o Concelho Interino do Governo da Bahia, defendia o movimento e procurava voluntários para suas tropas. Maria Quitéria, interessada em se alistar, pediu permissão ao seu pai mas seu pedido foi negado. Com o apoio de sua irmã Tereza Maria e seu cunhado José Cordeiro de Medeiros, Quitéria cortou o cabelo, vestiu-se de homem e se alistou com o nome de Medeiros, no Batalhão dos Voluntários do Príncipe, chamado de Batalhão dos Periquitos, por causa dos punhos e da gola verde em seu uniforme.
Depois de duas semanas foi descoberta pelo pai, mas o major José Antônio da Silva Castro não permitiu que ela fosse desligada, pois era reconhecida pela disciplina militar e pela facilidade de manejar armas.
Maria Quitéria seguiu com o Batalhão para vários combates. Participou da defesa da Ilha da Maré, da Pituba, da Barra do Paraguaçu e Itapuã. No dia 2 de julho de 1823 quando o exército entrou na cidade de Salvador, Quitéria foi saudada e homenageada pela população. Tornou-se exemplo de bravura nos campos de batalha e foi promovida a cadete em 1823. Foi condecorada no Rio de Janeiro com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul, em uma audiência especial onde recebeu a medalha das mãos do próprio imperador D. Pedro I.
Reformada com o soldo de alferes, voltou para Bahia com uma carta do Imperador dirigida a seu pai, pedindo que ela fosse perdoada pela desobediência. Casou-se com um namorado antigo, o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma filha, Luisa Maria da Conceição. Viúva, mudou-se para Feira de Santana, para tentar receber parte da herança do pai que havia falecido em 1834. Desistindo do inventário mudou-se com a filha para Salvador, onde morreu quase cega em total anonimato. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento no bairro de Nazaré em Salvador.




Carlota Joaquina - Espanha, Portugal e Brasil -  1775 a 1830

Carlota Joaquina foi a primeira filha do rei Espanhol Carlos IV com Dona Maria Luísa de Bourbon, ela nasceu a 25 de abril de 1775 na cidade de Aranjuez. Aos dez anos foi obrigada a contrair matrimônio, por meio de procuração, com o príncipe português D. João, segundo filho da rainha Maria I, a Louca. O casamento de ambos deu-se por interesse das duas famílias, que ambicionavam um acordo entre os dois países. D. João veio a tornar-se príncipe regente e em seguida rei de Portugal, somente após a morte de seu primeiro irmão, D. José, adquirindo então o título de D. João VI. Dona Carlota era uma pessoa que não se enquadrava nos padrões de beleza, era feia de nascimento, possuía um gênio muito forte e pretendia sempre impor suas vontades.
Extremamente ambiciosa, tentou de imediato mandar em seu esposo, porém este não se curvou aos seus desmandos, o que acarretou o afastamento entre ambos. Dona Carlota Joaquina deu à luz nove filhos, os quais foram batizados com os seguintes nomes: Maria Teresa, Antonio Pio, Maria Isabel Francisca, Pedro de Bragança – que viria a ser o futuro soberano do Brasil -, Maria Francisca, Isabel Maria, Miguel I, Maria da Assunção e Ana de Jesus. Veio para o Brasil contra sua vontade e assim que chegou ao Rio de Janeiro optou por habitar sempre distante do marido, em localidades campestres, como Botafogo, por exemplo. Somente em festividades públicas os dois eram vistos juntos.
Seu humor variava muito, quando se encontrava de péssimo humor tinha a capacidade de mandar castigar com chicotadas os viandantes que não dobravam os joelhos quando ela passava com sua comitiva. O príncipe não podia colocar a sua autoridade em risco e procurava manter Dona Carlota sempre bem vigiada por agentes secretos, que contratava para lhe informar todos os passos da mesma.
A princesa, com seu gênio voluntarioso, encontrava sempre um meio de comprar algum deles para lhe manter informada do que se passava no Palácio Real e na Quinta da Boa Vista. Um espião em particular ficou muito conhecido na época por trabalhar para ambos simultaneamente, Francisco Gomes da Silva, cujo apelido era Chalaça. Entre as várias informações relatadas ao príncipe, algumas eram irrelevantes, outras, porém, eram graves, como os vários amantes de sua mulher e as tramas que articulava contra o príncipe, no intuito de lhe tirar o poder das mãos. No ano de 1816, após o falecimento de D. Maria I, Carlota Joaquina é declarada rainha.
Quando retorna a Portugal, após a Revolta do Porto, torna pública e evidente sua insatisfação para com o regime constitucional que impera, o que ocasiona na invalidação de seu título honorífico português. Isolada na Quinta do Ramalhão, ela maquinou para o retorno do absolutismo, e após o falecimento de D. João VI, tentou convencer o filho D. Miguel a apossar-se da coroa, mas a tentativa foi frustrada, pois ela por direito pertencia a D. Pedro I, que posteriormente a reivindicaria. D. Carlota Joaquina vem a morrer no palácio de Queluz, em Lisboa, a 07 de janeiro de 1830.








Mary Wollstonecraft - Inglaterra - de 1759 a 1797
Nasceu em Londres. O seu pai era um homem violento, agredia sua mãe, os filhos e o cão da família, educou-a de forma rigorosa. Durante a infância a família mudou-se em muitas ocasiões.
Aos dezenove anos, Mary abandonou saiu da casa dos pais para viver com um rico negociante, viúvo. Depois de dois anos, voltou para casa, para cuidar da sua mãe doente, que veio a falecer. As últimas palavras da sua mãe seriam muitas vezes recordadas e citadas pela escritora quando, mais tarde, atravessou períodos difíceis na sua vida: "Um pouco de paciência, e tudo estará acabado".
Em 1784, abriu uma escola em uma pequena aldeia perto de Fiacre, com sua irmã Eliza e uma amiga. Assim que chegaram, Mary fez amizade com Richard Price, um ministro anglicano de ideias avançadas, na capela local. Price e seu amigo Joseph Priestly eram os líderes de um grupo conhecido como Dissidentes Racionais, que rejeitava os dogmas cristãos, como o pecado original, o juízo final e a condenação às penas eternas. Price, inclusive, havia exposto em Review of the, Principal Questions of Morals, que tanto a razão quanto a consciência individual deviam ser usadas para fazer escolhas morais. Como resultado destas ideias, e de sermões em apoio à revolução Americana na década de 1770, Price fora acusado de ateísmo e era visto com hostilidade pelos demais anglicanos.
Em decorrência de sua convivência com Price, Mary veio a conhecer o editor Joseph Johnson, que se entusiasmou com as ideias de Mary sobre educação, tendo-lhe recomendado que escrevesse um livro a respeito delas. Veio a público, deste modo, a obra Reflexões sobre Educação de Filhas em 1786, na qual Mary analisou as restrições educacionais impostas às jovens, assim mantidas em um estado de "ignorância e dependência". Mostrou-se especialmente crítica da sociedade que encorajava as jovens a serem "dóceis e atentas à aparência", concluindo com a sugestão de uma ampla reforma do currículo escolar.
No contexto da Revolução Francesa, Price fez, em novembro de 1789, um sermão no qual afirmou que o povo inglês também tinha o direito de destronar um rei, caso este fosse cruel. Este sermão incentivou Mary a escrever textos políticos sobre os mais variados temas, do tráfico de escravo às injustiças de tratamento para com os mais pobres.
Um destes artigos, A Reivindicação dos Direitos Humanos, chamou a atenção de autores como Tom Paine, William Blake, Edmund Burke, Jean-Jacques Rousseau e Voltaire, fazendo com que as ideias da autora fossem discutidas nos principais círculos intelectuais da França e do Reino Unido. Em seguida, Mary publicou a sua obra mais importante, A Reivindicação dos Direitos da Mulher em 1790, em que estão lançadas as bases do feminismo moderno.
Mary via a educação como um caminho para as mulheres conquistarem um melhor status econômico, político e social. Defendia não apenas que elas tinham direito à educação como afirmava que, da igualdade na formação de ambos os sexos, dependia o progresso da sociedade como um todo. Entre as suas passagens mais polêmicas, Mary afirma que o casamento é uma espécie de "prostituição legal", que as mulheres são "escravos convenientes", e que o único modo de as mulheres continuarem livres é se mantendo longe do altar. As suas ideias sobre o casamento são ilustradas no conto "Maria", no qual a protagonista de mesmo nome é internada em um hospital para doentes mentais, vítima dos maus-tratos do marido cruel.
Mary teve uma filha com o escritor Gilbert Imlay, a quem deu o nome de Fanny. Posteriormente, casou-se com o também escritor William Godwin, um dos mais proeminentes ateus da sua época e pioneiro do movimento anarquista, com quem teve a sua segunda filha, a escritora Mary Wollstonescraft Shelley, que obteve fama como autora de Frankenstein. Desse parto, devido a complicações, veio a falecer três meses depois.
No Brasil, Nísia Floresta foi a responsável pela primeira tradução, no país, da obra de Mary Wollstonecraft, ainda no século XIX.





Francisca da Silva de Oliveira - Chica da Silva - Brasil - 1732-1796
Era filha do português Antonio Caetano de Sá e da escrava Maria da Costa, por meio de um relacionamento extraconjugal.  Foi libertada por solicitação de João Fernandes de Oliveira, um contratador de diamantes.
Chica da Silva Foi escrava do sargento-mor Manoel Pires Sardinha, proprietário de lavras no arraial do Tijuco. Nesta época teve pelo menos 1 filho.
Em seguida, Chica da Silva foi vendida como escrava a José da Silva e Oliveira Rolim, o padre Rolim. Ele foi, posteriormente, condenado à prisão pela importante participação que teve na Inconfidência Mineira. Também veio a viver com Quitéria Rita, uma das filhas de Chica da Silva e João Fernandes.
Pouco tempo depois, em 1753, João Fernandes de Oliveira chegou ao arraial do Tijuco para assumir a função de contratador dos diamantes, que vinha sendo exercida por seu pai. Em 1754, Chica da Silva foi adquirida, pelo novo explorador de diamantes João Fernandes com o qual passou a viver sem que nunca tivessem se casado oficialmente.
O casal Chica da Silva e João Fernandes teve 13 filhos durante os quinze anos em que conviveu. Todos foram registrados no batismo como sendo filhos de João Fernandes, ato incomum na época quando os filhos bastardos de homens brancos e escravas eram registrados sem o nome do pai.
Entre 1763 e 1771, João Fernandes e Chica da Silva habitaram a edificação existente atualmente na praça Lobo de Mesquita, em Diamantina.
A união consensual estável de João Fernandes e Chica da Silva não foi um caso isolado na sociedade colonial brasileira de envolvimento de homens brancos com escravas. Distinguiu-se por ter sido pública, intensa e duradoura, além de envolver um dos homens mais ricos da região durante o apogeu econômico.
Os amantes separaram-se em 1770, quando João Fernandes necessitou retornar a Portugal para receber os bens deixados pelo pai.
Chica da Silva ficou no arraial do Tijuco com as filhas e a posse das propriedades deixadas por João Fernandes, o que lhe garantiu uma vida confortável.
Apesar de ser uma concubina, Chica da Silva alcançou prestígio na sociedade local e usufruiu das regalias privativas das senhoras brancas. Na época, as pessoas se associavam a irmandades religiosas de acordo com a sua posição social. Chica da Silva pertencia às Irmandades de São Francisco e do Carmo, que eram exclusivas de brancos, mas também às irmandades das Mercês - composta por mulatos - e do Rosário - reservada aos negros. Portanto, Chica da Silva tinha renda para realizar doações a quatro irmandades diferentes, era aceita como parte da elite local composta quase que exclusivamente por brancos, mas também mantinha laços sociais com mulatos e negros por meio de suas irmandades. Apesar disto, como era costume da época, logo que foi alforriada passou a ser dona de vários escravos que cuidavam das atividades domésticas de sua casa.
Faleceu em 1796. Como era costume na época, Chica da Silva tinha o direito de ser sepultada dentro da igreja de qualquer uma das quatro irmandades a que pertencia. Foi sepultada dentro da igreja de São Francisco de Assis pertencente a mais importante irmandade local, um privilégio quase que exclusivo dos brancos ricos, o que demonstra que mantinha a condição social mais alta mesmo vários anos após a partida de João Fernandes.
O jornalista Antônio Torres em seus apontamentos sobre Diamantina contou que o corpo de Chica da Silva foi encontrado alguns anos após sua morte, intacto, conservando ainda apele seca e negra.
Vários mitos foram criados sobre Chica da Silva, como :  Senhora de crueldade ímpar e de invulgar apetite sexual, utilizava o medo e a sedução como armas para obter a saciedade de seus luxos e prazeres: a seu pedido, o contratador teria mandado construir uma residência com vinte e uma divisões – um palácio para os padrões da região à época;




Catarina, A Grande - Rússia - de 1729 a 1786

A Imperatriz nascida na Prússia em 1729, foi a grande modernizadora do Império Russo apesar de ser uma estrangeira. Em 34 anos ela governou com tenacidade de maneira absoluta estendendo as fronteiras do Império, promovendo as artes e promulgando leis para melhorar o ensino, além de realizar uma verdadeira reforma na administração. Mantinha contato com filósofos como Diderot e Voltaire, que foi quem a apelidou de “Catarina, a Grande”, além de outros enciclopedistas franceses, tendo sido influenciada por suas idéias na maneira de governar.
Sophie foi chamada por sua tia a czarina Isabel para que se casasse com seu filho adotivo Pedro de Hosltein-Gottorp. O casamento arranjado é realizado em 1745 e Sophie passa a se chamar Catarina Alexievna, aderindo à religião ortodoxa grega. Bem no ano de seu casamento o azarão Pedro contraiu varíola e ficou com cicatrizes no rosto pelo resto de sua vida além de ter perdido boa parte do cabelo. Assim e considerando que ambos nem se conheciam antes do casamento, tanto Pedro III quanto Catarina, costumavam manter amantes sendo que Catarina, de forma nada confidencial, mantinha preferência por Gregori Orloff, que fazia parte do exército e tinha algumas fãs na corte.
O conhecimento sobre as traições era recíproco ao casal e considerado normal, mas Pedro III temia a influência de Gregory sobre Catarina, ainda mais pela fama de seu irmão, Alexei Orloff, conhecido como um sanguinário. Gregory estava arquitetando um plano para derrubar o czar, mas a história vazou e ele teve que tomar uma medida desesperada: ou Catarina dava um golpe de Estado e tomava o poder, ou ambos corriam o risco de serem decapitados. Assim, junto com os irmãos Orloff, Catarina mexeu os pauzinhos e em 1762 depôs Pedro III que havia governado de maneira desastrosa e descontentado grande parte da população, principalmente do clero após lhes retirar alguns direitos, não encontrando, por isso, muita resistência da corte.
Só que Alexei ainda temia que Pedro tentasse alguma coisa e resolveu acabar de vez com o perigo por conta própria. Catarina ficou sabendo somente depois que seu marido havia sido estrangulado, mas tratou de espalhar a notícia de que ele havia morrido de cólicas violentíssimas. Só que ninguém era bobo. A notícia causou um estardalhaço em toda a Europa e Catarina percebeu que se mantivesse os irmãos Orloff por perto correria sérios riscos. Assim, ela cortou suas relações com Gregory tratando de arrumar outro amante, o Conde de Potemkin, unindo o útil ao agradável já que ele era alguns anos mais novo que Gregory.
Contudo, todas estas extravagâncias de sua vida pessoal não a impediram de governar de forma exemplar o Império Russo e transformá-lo na maior potência da Europa na época. Catarina enfrentou durante todo seu reinado os ataques do Império Otomano, porém saiu vitoriosa em todas as ocasiões.
Além disso, ela era uma fervorosa defensora das artes e da cultura, tendo inaugurado a Universidade de Moscou em 1783 e uma academia para o desenvolvimento da literatura russa. Ela reduziu o emprego da tortura e da pena de morte na Rússia e no campo da política externa, Catarina alargou as fronteiras do Império ao anexar partes da Polônia, da qual ela participou ativamente do processo de divisão, da Ucrânia Ocidental, Lituânia e Bielorússia. Em 1783 ela anexa a Criméia fazendo com que o Império chegue ao Mar Negro.
Deixando apenas um filho, Paulo I, Catarina, a Grande, morreu em 1796 em Tsarkoie Selo, perto de São Petesburgo, pouco depois de ter preparado uma invasão a República Francesa.
Fonte: http://www.infoescola.com/biografias/catarina-a-grande/



Émilie du Châtelet  - França - de 1706 a 1749

Émilie du Châtelet nasceu em uma família rica, foi uma criança um tanto desajeitada e, por causa disso, recebeu lições de esgrima, hipismo e ginástica, tudo na tentativa de melhorar a sua coordenação física, recebeu uma educação que a maioria das mulheres de seu tempo nem sequer pensavam e ao completar seus doze anos ela já tinha se tornado fluente em Latim, italiano, grego e alemão. Émilie dedicou sua vida à ciência. Mesmo com a dificuldade de se impor em 1700, ela lutou como mulher para ter o direito de discutir com os homens sobre as idéias da matemática e ciências.  
Alguns historiadores dizem que ela pode ter sido um gênio da época devido à diversidade de áreas que ela se envolveu, ela realizou estudo tanto na área da linguagem, da matemática e da ciência. 
Casou-se com o Marquês Florent-Claude du Chastellet no dia 20 de junho de 1725 e, assim, tornou-se marquesa, deu a luz três filhos. Ela não se casou por amor, mas para satisfazer acordos prévios. Ambos não tinham muita coisa em comum, observando os costumes da época, mantiveram as aparências dentro do possível. Émilie e seu marido concordaram, mesmo vivendo na mesma residência, a viver vidas independentes.
Émilie du Châtelet teve três romances antes de conhecer Volteire. Aos vinte e quatro anos de idade, ela teve um caso amoroso com Louis François Armand du Plessis, Duque de Richelieu, que durou um ano e meio. O duque se interessava por literatura e filosofia, e Châtelet era uma das poucas mulheres que podia conversar com ele no mesmo nível. Ela leu todo e qualquer livro de conteúdo, visitava o teatro regularmente e gostava de debates intelectuais. Du Châtelet expressou interesse nas obras de Newton e Richelieu a encorajou a freqüentar aulas de matemática avançada para entender melhor as suas teorias. Moreau de Maupertuis, um membro da academia científica, se tornou seu tutor de geometria. Ele era matemático, astrônomo e físico, e apoiava as teorias de Newton, que eram vigorosamente debatidas na academia.
Du Châtelet convidou Voltaire a viver em sua casa de campo, no nordeste da França e se tornou sua companheira permanente. Lá ela estudou física e matemática e publicou ensaios e fez as suas traduções. Julgando-se pelas cartas de Voltaire a amigos e vendo-se seus comentários um ao outro sobre seu trabalho, ele e ela viveram juntos cultivando grande respeito e bem-querer mútuos.
O último romance de Du Châtelet provou ser fatal. Tendo mal entrado em seus quarenta anos de idade, ela teve uma relação amorosa com um poeta chamado Jean François de Saint-Lambert e com quem ficou grávida. Numa carta a uma pessoa amiga ela escreveu que temia, por causa de sua idade, não sobreviver seu confinamento. Du Châtelet deu luz à criança, mas faleceu seis dias depois como conseqüencia de imobilismo. Ela tinha apenas quarenta e dois anos de idade.
Voltaire declarou, mais ou menos o seguinte, parafraseando, que Du Châtelet tinha sido "um grande homem que teve o único defeito de ter sido mulher"






Anne Bonny - Inglaterra - de 1700 a 1782
Era filha de um advogado nascido na Irlanda e da sua empregada. O pai deixara a Irlanda em desgraça mas criou fortuna na Carolina do Norte onde adquiriu uma grande plantação.
Um pirata com o nome de James Bonny desposou Anne numa tentativa de se apossar da plantação, mas o pai de Anne deserdou-a. Bonny levou então a esposa para as Bahamas, onde ele se tornou informante do governador Woodes Roges. Anne repugnava a covardia do marido e depressa se envolveu com Jack Morim Rackham, um pirata de algum renome. À época, o governador Rogers havia oferecido anistia a todos os piratas.
A admiração entre a Anne e Morim era mútua. Morim era um homem bonito, que gostava de gastar bem o espólio de guerra. Anne era uma moça bem dotada, com um espírito aventureiro e temperamento que se parecia com o de qualquer homem, isto de acordo com as convenções da época.
Jack Morim ofereceu um valor para comprar Anne ao seu marido James Bonny, mas Bonny levou o assunto ao Governador Rogers, que determinou que Anne seria açoitada e teria que voltar ao marido. Assim, uma noite, Jack Morim e Anne passaram despercebidos no porto, roubaram uma embarcação e começaram uma vida de pirataria juntos.
Anne lutou vestindo-se como homem. Era exímia no uso da pistola e da espada, e considerada tão perigosa quanto qualquer pirata masculino.
Em Outubro de 1720, em retribuição ao seu informante, o governador da Jamaica, ouvindo falar na presença de Jack Morim enviou uma embarcação armada para intervir e capturá-lo. O navio "Revange" do capitão Jack Morim, foi capturado de surpresa e para o desânimo de Anne, os piratas lutaram como covardes e perderam a batalha facilmente.
Anne Bonny e Mary Read também foram capturadas mas confessaram o próprio gênero, se declarando culpadas, mas grávidas. Seriam enforcadas depois que dessem à luz. Mary Read escapou do carrasco ao morrer de febre na prisão. Anne porém, recebeu vários despachos de execução antes de desaparecer misteriosamente.



Ana Pimentel  - Portugal - Brasil por volta de 1534

Ana Pimentel teve grande importância na construção do Brasil colonial. Casada com o português Martim Afonso de Sousa, ela recebeu do marido a incumbência de administrar a capitania de São Vicente no dia 3 de março de 1534.
Ana Pimentel providenciou o cultivo de laranja na capitania com o objetivo de combater o escorbuto, uma doença provocada pela falta de vitamina C que atacava os embarcados durante a travessia do Atlântico. É responsável também pela introdução do cultivo do arroz, do trigo e da criação de gado na região.
O papel administrativo de Ana Pimentel na capitania, por mais de uma década, foi reconhecido pelo sociólogo Gilberto Freire em seu discurso na Academia Pernambucana de Letras, em 11 de novembro de 1986.






ELIZABETH I - Inglaterra - de 1533 a 1603
          Sob seu reinado a Inglaterra se tornou a maior potência econômica, política e cultural da Europa sendo, por isso, o período de seu reinado conhecido como a “Era de Ouro” inglesa. Assumindo o trono após a morte de sua irmã Mary I, Elizabeth I  deu início ao mais próspero governo da dinastia Thudor.
Nascida em 7 de setembro de 1533 em Greenwich, filha de Ana Bolena e Henrique VIII (o rei das seis esposas), Elizabeth I ficou conhecida como “Isabel, A Rainha Virgem” por nunca ter se casado e não ter deixado herdeiros apesar de seu famoso caso com o conde de Leicester, Robert Dudley. Por isso, quando da ocasião de sua morte, em 24 de março de 1603, Elizabeth teve de reconhecer como herdeiro do trono Jaime VI da Escócia, filho de Mary Stuart, sua prima e rival a rainha deposta da escócia, a quem Elizabeth havia mandado decapitar 16 anos antes.
Governando um país dividido por questões religiosas - o Protestantismo e a Igreja Anglicana acabavam de nascer e havia a perseguição aos católicos e à seita presbiteriana dos puritanos - Elizabeth soube valorizar o conteúdo calvinista da Igreja Anglicana para manter os nobres sob seu poder e obter o apoio da burguesia, predominantemente calvinista.
Representando o auge do governo absolutista na Europa o reinado de Elizabeth unificou a Inglaterra ao dominar a nobreza e afastar a Igreja do governo. Ao derrotar a Invencível Armada Espanhola, em 1588, Elizabeth abriu de vez o caminho para a Inglaterra se tornar a maior potência colonizadora do Novo Mundo sob o comando de Walter Raleigh e Humprey Gilbert. Mais tarde a Companhia das Índias Orientais dominaria o tráfico negreiro e as rotas comerciais.
Sob o reinado de Elizabeth I floresceram também as artes e a cultura. Foi nessa época que surgiram escritores de renome com Sir William Shakespeare, Christopher Marlowe e Ben Johnson.


JOANA D'ARC -  aproximadamente 1412 a 1431 - FRANÇA




Em 1412, deixa sua casa na região de Champagne e viaja para a Corte do Rei francês Carlos VII. Convence-o a colocar as tropas sob seu comando e parte para libertar a cidade Orléans, sitiada pelos ingleses há oito meses. À frente de um pequeno Exército, derrota os invasores em oito dias, em maio de 1429. Um mês depois, conduz Carlos VII à cidade de Reims, onde ele é coroado no dia 17 de julho. A vitória em Orléans e a sagração do rei reascendem a esperança dos franceses de libertar o país.
Na primavera de 1430, Joana retoma a campanha militar e tenta libertar a cidade de Compiègne, dominada pelos borgonheses, aliados dos ingleses. É presa em 23 de maio do mesmo ano e entregue aos ingleses. Interessados em desacreditá-la, eles a processam por bruxaria e heresia. Submetida a um tribunal católico em Rouen, é condenada à morte depois de meses de julgamento. É queimada viva na mesma cidade em 30 de maio de 1431, aos 19 anos.
A revisão de seu processo começa a partir de 1456 e a Igreja Católica a beatifica em 1909. Em 1920, é declarada Santa pelo Papa.




LEONOR DE AQUITÂNIA - 01/04/1122 a 31/03/1204 - INGLATERRA


A mulher que mudou o destino da França.
Leonor nasceu na corte mais literata e culta do seu tempo. O seu avô tinha sido Guilherme IX, o Trovador, um dos primeirostrovadores e poetas vernaculares. Era ainda um homem extremamente culto, que transmitiu o gosto pela aprendizagem ao herdeiro Guilherme X que, por sua vez, ofereceu uma educação excepcional a suas duas filhas. Leonor e Petronilha eram fluentes em cerca de oito línguas, aprenderam matemática e astronomia e discutiam leis e filosofia a par com os doutores da Igreja. Esta educação, excepcional por serem mulheres e em uma época em que a maior parte dos governantes eram analfabetos, permitiu-lhes desenvolver espírito crítico e sagacidade política, útil especialmente à Leonor que haveria de governar ela própria. Guilherme X teve ainda o gosto de envolver sua herdeira nos variados aspectos do governo, levando-a em várias visitas através dos seus territórios
Em 1130 torna-se na herdeira universal do seu pai depois da morte do seu irmão Guilherme Aigret ainda na infância. Sete anos depois sucede em todos os títulos Guilherme X, após a sua morte durante uma peregrinação a Santiago de Compostela. Como senhora de uma grande parte do que é atualmente França, Leonor de 15 anos tornou-se na noiva mais desejada da Europa. O eleito foi o rei Luis VII de França que, com o casamento, estendeu os seus domínios até aos Pireneus. Era desejo de Guilherme X, expresso no seu testamento, casar a filha com Luís, o Jovem, filho do rei da França (Luís VI). Em troca oferecia ao rei, como dote, a Aquitânia e Poitou.
Estimulou o marido a participar da Segunda Zruzada – 1147 a 1149. Antes da partida, atuou nos preparativos: promoveu torneios para arrecadar recursos, recolheu doações e, como era costume dos cruzados fazer, foi a todas as abadias pedir a bênção e as preces dos religiosos das ordens. Leonor acompanhou a expedição, assim como outras damas da nobreza, mas ela tinha o estatuto de líder feudal do exército da Aquitânia em pé de igualdade com os outros dirigentes. Segundo as lendas tradicionais, Leonor e as suas aias vestiram-se de Amazonas, num traje que incluía parafernália militar. Esta história é duvidosa, mas de qualquer maneira é histórico que o seu comportamento durante a cruzada foi considerado indecoroso pelo papa.
Foi durante a expedição que começaram as divergências entre Leonor e Luís. Leonor era favorável à luta pela reconquista do Condado de Edessa, como estratégia de defesa dov Principado de Antioquia, estado cruzado sob o domínio do seu tio Raimundo Poitiers. Luís considerava mais importante alcançar Jerusalém. A discussão resultou numa rebelião dos cavaleiros da Aquitânia, e o exército ficou dividido. Em consequência, Luís VII decidiu atacar Damasco, mas fracassou.
Museu de Aquitânia
Em 1149, Luís e Leonor regressaram à Europa, passando por Roma, onde o Papa Eugénio III promoveu a sua reconciliação. A segunda filha do casal, Alice Capeto, nasceu pouco depois, mas o casamento estava perdido. Em 1152 a união é anulada por alegada consaguinidade e, em consequência, Leonor recuperou o controlo dos seus territórios, que foram retirados da coroa francesa.
Apenas semanas depois, Leonor casou com Henrique Plantageneta, o futuro Henrique II de Inglaterra, então Conde de Anjou, onze anos mais novo que ela. A relação dos dois pode ter começado antes da união aos olhos da Igreja, como sugere o nascimento ainda no mesmo ano de 1152 de Guilherme, o primeiro filho do casal. No fim da década de 1160, Leonor separou-se de Henrique e retirou-se para a Aquitânia, devido possivelmente aos casos extra-matrimoniais do marido ou da sua insistência em interferir nos assuntos do Ducado de Leonor. A reconciliação nunca chegou e, em 1173 Leonor e os seus três filhos mais velhos Henrique - o Jovem, Ricardo - Coração de Leão e Godofredo revoltaram-se contra Henrique II - com o apoio de Luís VII, rei da França e ex-marido de Leonor. A rebelião familiar gerou outras revoltas em Poitou e motins dos vassalos do rei em grande parte de seus feudos. Henrique II conseguiu controlar a situação e perdoou os filhos. No entanto, mandou prender Leonor que, acusada de ser a instigadora do complô, permaneceu encarcerada por 16 anos, primeiro no Castelo de Chinon, depois em Salisbury, entre outros castelos da Inglaterra.
Em 1189, com a morte do marido e ascensão ao trono do seu filho Ricardo, Leonor é libertada e, com a partida de Ricardo para a Terceira Cruzada (1189 – 1192), tornou-se a regente da Inglaterra.
Leonor morreu em 1204 e encontra-se sepultada na Abadia de Fontevraud, junto de Henrique II e Ricardo I.





HIPÁTIA - ALEXANDRIA - 355 a 415
Quando resolvi criar uma página sobre mulheres no meu Blog, foi pensando em inúmeras mulheres que admiro, ao longo de toda história da humanidade existem algumas mulheres que passei a conhecer após criar a página, outras já as conhecia e admiro suas histórias. Meu primeiro contato com a história de Hipátia foi com a leitura de um artigo, não recordo quem o escreveu, que me chamou atenção pelos relatos, principalmente pela ligação, dela, com a Academia de Alexandria. Em 2010 assistir ao filme Ágora, onde relata a história da filósofa Hipátia que viveu em Alexandria, no Egito, na época da dominação romana. Fiquei impressionada com sua personalidade forte, num período onde a dominação era predominantemente masculina.
Hipátia nasce em 355 e assassinada em 415. O fato de Hipátia ser uma filósofa pagã  (num meio predominantemente cristão) é tido como um dos fatores que contribuíram para o seu assassinato. Porém, estudos mais recentes, como o da historiadora Maria Dzielska, salientam que Hipátia foi assassinada por razões políticas, no contexto da luta pelo poder em Alexandria, versão a qual acredito.
Hipátia por Rafael
Hipátia era filha de Téon, um renomado filósofo, astrônomo, matemático, autor de diversas obras e professor em Alexandria. Criada em um ambiente de idéias e filosofia, tinha uma forte ligação com o pai, que lhe transmitiu, além de conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são.
Hipátia estudou na Academia de Alexandria, onde buscava, incansavelmente, estudo conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia e artes. A oratória e a retórica também não foram descuidadas.
Alguns autores pensam que, quando adolescente, viajou para Atenas, para completar a educação na Academia Neoplatônica.  Ao retornar, já havia um emprego esperando por ela em Alexandria: seria professora na Academia onde fizera a maior parte dos estudos, ocupando a cadeira que fora de Plotino. Aos 30 anos já era diretora da Academia, sendo muitas as obras que escreveu nesse período.
Um dos seus alunos foi o notável filósofo e bispo Sinésio de Cirene (370 – 413), que lhe escrevia freqüentemente, pedindo-lhe conselhos. Através destas cartas, sabemos que Hipátia desenvolveu alguns instrumentos usados na Física e na Astronomia, entre os quais o hidrômetro.
Sabemos também que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Cânon Astronômico de Diofanto"), tendo escrito um tratado sobre o assunto, além de comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides.
Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas. Matemáticos confusos, com algum problema em especial, escreviam-lhe pedindo uma solução. E ela raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica, quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade.
O seu fim iniciou partir de 412 quando Cirilo foi nomeado Patriarca de Alexandria, título de dignidade eclesiástica, usado em Constantinopla, Jerusalém e Alexandria. Ele era um cristão fervoroso, que lutou toda a vida defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo as heresias, sobretudo o Nestorianismo, que negava a Divindade de Jesus Cristo e a Maternidade Divina de Maria.
Cena do filme Ágora
De acordo com o relato de Sócrates, o Escolástico, numa tarde de março de 415, quando regressava do Museu, Hipátia foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos. Ela foi golpeada, desnudada e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior do templo, foi cruelmente torturada até a morte, tendo o corpo dilacerado por conchas de ostras (ou cacos de cerâmica, segundo outra versão). Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira.
Segundo o mesmo historiador, tudo isto aconteceu pouco tempo depois de Orestes, prefeito da cidade, ter ordenado a execução de um monge cristão chamado Amónio, ato que enfureceu o bispo Cirilo e seus correligionários. Devido à influência política que Hipátia exercia sobre o prefeito, é bastante provável que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de retaliação para vingar a morte do monge. Neste período em que a população de Alexandria era conhecida pelo seu caráter extremamente violento.
Dito isto, a eventual relação de Cirilo com o ocorrido continua a ser motivo de alguma controvérsia entre os historiadores. Embora Sócrates e Edward  Gibbon afirmem que o episódio trouxe mácula  para a Igreja de Alexandria, não mencionam qualquer envolvimento direto do patriarca. O filósofo pagão Damáscio, por sua vez, atribui explicitamente o assassinato ao patriarca, que invejaria Hipátia. Contudo, a Enciclopédia Católica lembra que Damáscio escreveu cerca de um século depois dos fatos e que os seus escritos manifestam um certo pendor anticristão. As últimas pesquisas crêem que o homicído de Hipátia resultou do conflito de duas facções cristãs: uma mais moderada, ao lado de Orestes, e outra mais rígida, seguidora de Cirilo, responsável pelo ataque.
Trailer do filme espanhol Ágora dirigido por Alejandro Amenábar

Citações sobre Hipátia Sócrates, o Escolástico:
"Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Téon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos da época. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber os ensinamentos."
             Trecho de uma carta de Sinésio de Cirene, aluno de Hipátia:
"Meu coração deseja a presença de vosso divino espírito que mais do que tudo poderia adoçar minha amarga sorte. Oh minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos… Quando receber notícias tuas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores".






BOADICEIA - INGLATERRA cerca de 66 AC

Era casada com o rei dos icenos que havia feito um acordo com os romanos tornando-se aliado do Império Romano. Com a sua morte, Boadiceia assumiu a liderança de seu povo. Contudo, os romanos ignoraram o testamento e o procurador Cato Deciano apropriou-se de toda a herança do rei falecido. Quando os icenos protestaram na pessoa da sua rainha viúva Boadiceia, Cato Deciano ordenou às suas tropas conter o protesto, e estas ultrapassaram-se no emprego da força, chicoteando a rainha e violando as suas filhas.
Boadiceia na sua carruagem de batalha
Ela ficou revoltada e começou uma revolta, unindo os povos próximos da sua cidade para lutar pela libertação do julgo romano. Eles chegaram a tomar e massacrar algumas cidades que estavam sob controle do Império Romano.
Após algumas perdas, o exército romano se reorganizou e atraiu os rebeldes liderados por Boadiceia, em maior número, para um terreno adequado as táticas militares romanas, comandados pelo governador da Britânia, Caio Suetônio Paulino, conseguiu derrotá-los. Esta revolta foi uma das mais violentas contra o Império Romano.
Boadiceia voltou para casa, ela e sua filha, mais nova, tomaram veneno. A fama de Boadiceia tomou proporções lendárias na Grã-Bretanha, e a rainha Vitória foi vista como sua equivalente em termos de grandeza.
A grande estátua de bronze de Boadiceia, ao lado da ponte de Westminster e do Palácio de Westminster foi inaugurada pelo príncipe Alberto e executada por Thomas Thornycroft. Representa Boadiceia em sua carruagem de guerra junto com suas filhas. 
O historiador Dião Cássio diz, sobre Boadiceia: "Boadiceia era alta, terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa. Uma cascata de cabelos vermelhos alcançava seus joelhos; usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multicolorida e sobre esta um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos os que lhe deitassem os olhos.
Cássio relata ainda que ela empreendeu todo o tipo de atrocidade em nome de uma deusa chamada Andraste, que seria a equivalente britânico de Vitória, deusa romana. O próprio nome de Boadiceia significa "vitória".


CLEÓPATRA - Egito - 69 a.C. a 30 a.C.

No ano de 69 a.C., o rei egípcio Ptolomeu teve a oportunidade de assistir o nascimento de sua filha mais velha, Cleópatra, que viria a ser conhecida como uma das mais famosas e intrigantes rainhas do Egito. Nascida na cidade macedônica de Alexandria, esta rainha herdou as heranças gregas e persas que se instituíram na região nordeste da África pela ação do imperador macedônico Alexandre, o Grande. Longe de ser apenas uma mulher fútil, poderosa e entregue aos prazeres da vida, Cleópatra ansiava dar fim às dominações estrangeiras que tomavam seu reino. Além disso, era conhecida como hábil debatedora e dominava várias línguas como aramaico, persa, somali, etíope, egípcio e árabe. Segundo o historiador Plutarco, ela não detinha atributos físicos, mas se valia de outros artifícios para alcançar seus objetivos.

Quando chegou ao poder, suas intenções de restabelecer a soberania parecia ser um plano difícil de ser concretizado. Após casar com seu irmão Ptolomeu XII para chegar ao trono, observou que as tropas do opulento e vitorioso exército romano estavam próximas demais da cidade de Alexandria. Ao mesmo tempo, sua posição real era decorativa em face dos poderes atribuídos aos burocratas que controlavam o Estado.
Estes ministros percebiam as ambiciosas pretensões políticas de Cleópatra e, não por acaso, obrigaram-na a fugir de Alexandria e pedir auxílio militar das tribos do deserto. Nessa mesma época, o general romano Pompeu, ao qual Cleópatra já havia prestado apoio, pediu abrigo a suas tropas derrotadas na Farsália. O pedido gerou um grande dilema para os dirigentes do governo.
Por um lado, entendiam que o apoio a Pompeu poderia significar a invasão das tropas de Júlio César, outro general romano que ambicionava ser ditador. Em contrapartida, a recusa também poderia causar a fúria de Pompeu, que passaria a ver os egípcios como um bando de mancomunados com seu maior inimigo político. Por fim, tentando se safar desta situação ambígua, os egípcios decidiram tramar o assassinato de Pompeu.
Após matarem o general romano, as tropas de César se dirigiram até Alexandria para tomar conhecimento do comportamento egípcio em frente a suas tropas. Ptolomeu, o rei, receava sob as pretensões dominadoras do general romano e decidiu não ir ao seu encontro. Em contrapartida, Cleópatra arquitetou um plano em que conseguiria encontrar Júlio César sozinho e vulnerável à sedução da rainha.
Para conseguir tal feito, se sujeitou a ficar enrolada em um tapete que seria entregue como presente a Júlio César. A ousadia conquistou César, que, em resposta, lutou ao seu lado contra os revoltosos contrários ao governo da rainha no Egito. A empreitada quase fracassou, mas com o apoio de Mitríades de Pérgamo, conseguiram abater as ambiciosas tropas egípcias que, no fundo, também disputavam o poder entre si.
A aliança entre César e Cleópatra a transformou em senhora do Egito. Contudo, não satisfeita com o objetivo alcançado, resolveu apoiar César em novas conquistas que pudessem transformá-lo em um conquistador de muitas fronteiras. Contudo, o general romano sabia que qualquer ambição de poder absoluto poderia acender a fúria do Senado Romano, que não permitiria a dissolução da República.
Por isso, ele teve de se contentar com uma breve temporada em que desfrutou da companhia de sua audaciosa amante. Depois disso, forçado a sinalizar sua devoção às instituições romanas, partiu com o seu exército para a região de Ponto, onde abafou a revolta de Farnaces. Nesse meio tempo, a rainha Cleópatra ficou grávida e deu à luz a Cesarião, nome que simplesmente atestava a paternidade de seu filho.
Depois que retornou para Roma, César nunca mais colocou os seus pés no Egito. Contudo, em mais uma ação de extrema audácia, a rainha Cleópatra resolveu ir até Roma e visitar o seu amante e parceiro político. Para os romanos mais conservadores, a presença daquela estrangeira era uma ameaça às tradições. Afinal, quais garantias poderiam dizer que César não a transformaria em rainha de Roma?
Por fim, antes que tal ameaça se tornasse real, Júlio César foi assassinado por um grupo de republicanos que temiam as pretensões hegemônicas do ditador. Temendo a reação dos romanos com a sua presença, Cleópatra logo retornou para Alexandria e, após se livrar do irmão, colocou o seu filho no poder. Enquanto os romanos decidiam quem assumiria o poder, ela resolveu ficar afastada das questões políticas e militares.
Após as lutas sucessórias, dois generais assumiram o poder político do Império: Otávio, que se preocupava em buscar apoio do Senado e tinha um comportamento frio e ambicioso; e Marco Antônio, que ficara e parecia ser uma figura mais receptível aos engodos da rainha. Ao contrário da primeira vez, Cleópatra esperou que o seu mais novo alvo político chamasse pela sua presença. Não demorou muito, Marco Antonio, que estava na Sicília, chamou a senhora do Egito pra discutir o poder na Ásia.
Organizando uma comitiva suntuosa e adornada com vários elementos que faziam menção à mitologia grega, Cleópatra não teve grandes dificuldades para conquistar o general. Entre 41 e 31, Marco Antonio dizimou os inimigos políticos de Cleópatra, abandonou a esposa (que era irmã de Otávio) e passou boa parte desse tempo realizando conquistas militares que atendiam o interesse de sua amada egípcia.
A união entre Marco e Cleópatra deu origem a três filhos e somente colocava em dúvida o compromisso que o general romano teria com sua pátria original. Como se não bastasse toda a situação, os filhos do casal foram transformados em reis da Armênia, da Síria e da Ásia Menor. Dessa forma, o cenário político de Roma estava divido entre dois senhores: um comprometido com o Ocidente (Otávio) e o outro maravilhado com o Oriente (Marco Antonio).
Prevendo uma possível reviravolta, Otávio começou a realizar ataques sistemáticos contra o comportamento de Marco Antonio e resolveu colocar Cleópatra como uma séria ameaça para os romanos. Marco Antonio, que não resolveu abrir mão de sua aventura amorosa, decidiu combater as tropas do general Otávio. Sem obter o sucesso almejado, ainda tentou se aliar com as tropas de Cleópatra para resistir à sua iminente derrota.
Sitiados e abatidos na cidade de Alexandria, o general e a rainha decidiram acabar com suas próprias vidas. Não satisfeito, Otavio aniquilou completamente a linha sucessória dos herdeiros de Cleópatra bem como transformou o Egito em uma mera província subordinada aos representantes do poder romano. Com isso, o sinal de lealdade representado pela vitória militar transformou Otávio no primeiro imperador romano.

Por Rainer Sousa - graduado em História
Equipe Brasil Escola






NEFERTITI - Egito - 1380 a.C




     Nascida no ano de 1380 a.C., Nefertiti, cujo nome significa ‘a mais bela chegou’, foi uma rainha egípcia da XVIII dinastia que se tornou notável por ser a esposa do faraó  Amenhotep IV, conhecido como Akhenaton, responsável por substituir o culto politeísta pela reverência a um deus único, o rei-sol Aton.
Com Akhenaton, Nefertiti teve seis filhas entre os nove anos de reinado do marido. Apesar de ser um símbolo de beleza fascinante mesmo na atualidade, pouco se sabe sobre a vida de Nefertiti. A rainha teve grande importância na disseminação do culto monoteísta junto ao seu marido, pois era uma das únicas que podia reverenciar e interceder diretamente com o rei-sol Athon. No reinado de Akhenaton, o faraó e a rainha eram responsáveis pela realização dos cultos e eram figuras representativas dessa divindade, fortalecendo os laços com a população.
Por sua grande popularidade, alguns historiadores defendem a tese de que Nefertiti tenha sido alvo de assassinato de alguns sacerdotes que defendiam o politeísmo. Outros especialistas, ainda, acreditam que ela tenha se tornado co-regente de Akhenaton, acumulando mais poder. Essa última tese é levantada graças a uma imagem em bloco de pedra onde a rainha aparece golpeando um inimigo com uma maça, remetendo à ideia de força.
Entretanto, sabe-se que após o término do reinado de seu marido, Nefertiti sumiu misteriosamente, pois poucas escrituras e imagens retratam esse período de sua vida. Alguns arqueólogos estimam que ela tenha morrido no ano de 1345 a.C.
Em dezembro de 1912, os alemães acharam em sua terra natal uma escultura que identificaram como o ‘busto de Nefertiti’, obra que tornou-se a principal referência estética de sua beleza e austeridade que marcou o período do Egito Antigo. Atualmente, a obra pertence ao Museu de Berlim, na Alemanha.





HELENA


Helena me causa fascino, ao ouvir os relatos, sobre essa mulher de uma beleza incomparável, viajava e viajo num mundo de sensações.

 O rapto de Helena, que a mitologia grega descrevia como a mais bela das mulheres, desencadeou a lendária guerra de Tróia. Personagem da Ilíada e da Odisséia, Helena era filha de Zeus e da mortal Leda, esta esposa de Tíndaro, rei de Esparta. Ainda menina, Helena foi raptada por Teseu, depois libertada e levada de volta para Esparta por seus irmãos Castor e Pólux.
"Helena de Tróia", de Louis David 
Para evitar uma disputa entre os muitos pretendentes, Tíndaro fez com que todos jurassem respeitar a escolha da filha. Ela se casou com Menelau, rei de Esparta, irmão mais novo de Agamenon, que se casara com uma irmã de Helena, Clitemnestra. Helena, contudo, abandonou o marido para fugir com Páris, filho de Príamo, rei de Tróia. Os chefes gregos, solidários com Menelau, organizaram uma expedição punitiva contra Tróia que originou uma guerra de sete anos de duração.
Após a morte de Páris em combate, Helena casou-se com seu cunhado Deífobo, a quem atraiçoou quando da queda de Tróia, entregando-o a Menelau, que retomou-a por esposa. Juntos voltaram a Esparta, onde viveram até a morte.
Foram enterrados em Terapne, na Lacônia. Segundo outra versão da lenda, Helena sobreviveu ao marido e foi expulsa da cidade pelos enteados. Fugiu para Rodes, onde foi enforcada pela rainha Polixo, que perdera o marido na guerra de Tróia. Após a morte de Menelau, diz ainda outra versão, Helena casou-se com Aquiles e viveu nas ilhas Afortunadas.
 Helena de Tróia foi adorada como deusa da beleza em Terapne e diversos outros pontos do mundo grego. Sua lenda foi tomada como tema de grandes poetas da literatura ocidental, de Homero e Virgílio a Goethe e Giraudoux.

Fonte: www.nomismatike.hpg.ig.com.br

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