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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ler e Prazer


Assim como Borges não consigo imaginar o mundo sem livros, seria horrível sem “Minha Cidade” da Cora Coralina, que tédio seria sem a leveza do grande Mário Quintana quando escreveu “Naquele dia fazia um azul tão límpido, meu Deus, que eu me sentia perdoado pra sempre não sei de quê.", e a força louca e sã da Florbela Espanca, o que seria do mundo sem as borboletas de Manoel de Barros, com as quais ele pensa mudar os homens, e a liberdade de Clarice Lispector, quem nuca a desejou, meu amado Friedrich Nietzsche – “A fala é uma deliciosa loucura. Por meio dela o homem dança sobre todas as coisas”.

Uma pequena parte do meu arsenal
Atualmente estou lendo Variações Sobre o Prazer, de Rubem Alves, que livro, sinto que faço parte dele, claro estou nele, isso porque estou na página 86, penso que ao terminá-lo o prazer será intenso. E por falar em prazer, lembrei-me  que brinco com alguns amigos dizendo que  quando entro numa livraria, especialmente a Livraria Cultura, sinto orgasmos múltiplos, se não, é algo bem parecido. Quando fui a Argentina, ao entrar na livraria El Alteno, nossa que visão, não tive vontade de sair, é inexplicável visualizar aquele imensidão de livros, pensem o tanto de conhecimento, de vida exite ali...
É isso que os livros me proporcionam, o melhor dos prazeres, são meus fazedores de sonhos. Estava vasculhando algo na internet quando deparei com o texto Ler e prazer de Rubem Alves, não foi possível guardá-lo só pra mim, assim compartilho com vocês, deleitem.
  
LER E PRAZER
Rubem Alves
Nietzsche estava certo: “De manhã cedo, quando o dia nasce, quando tudo está nascendo – ler um livro é simplesmente algo depravado...” É o que sinto ao andar pelas manhãs pelos maravilhosos caminhos da Fazenda Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas. Procuro esquecer-me de tudo que li nos livros. É preciso que a cabeça esteja vazia de pensamentos para que os olhos possam ver. Aprendi isso lendo Alberto Caeeiro, especialista inigualável na difícil arte de ver. Dizia ele que “pensar é estar doente dos olhos...” Mas meus esforços são frustrados. As coisas que vejo são como o beijo do príncipe: elas vão acordando os poemas que aprendi de cor e que agora estão adormecidos na minha memória. Assim, ao não pensar da visão une-se o não pensar da poesia. E penso que o meu mundo seria muito pobre se em mim não estivessem os livros que li e amei. Pois, se não sabem, somente as coisas amadas são guardadas na memória poética, lugar da beleza. “Aquilo que a memória amou fica eterno”,  tal como o disse a Adélia Prado, amiga querida. Os livros que amo não me deixam. Caminham comigo. Há os livros que moram na cabeça e vão se desgastando com o tempo. Esses, eu deixo em casa. Mas há os livros que moram no corpo. Esses são eternamente jovens. Como no amor, uma vez não chega. De novo, de novo, de novo...
Livraria El Ateneo - Buenos Aires
Um amigo me telefonou. Tinha uma casa em Cabo Frio. Convidou-me. Gostei. Mas meu sorriso entortou quando ele disse: “Vão também cinco adolescentes...” Adolescentes podem ser uma alegria. Mas podem ser também uma perturbação para o espírito. Assim, resolvi tomar minhas providências. Comprei uma arma de amansar adolescentes. Um livro. Uma versão condensada da Odisséia, as fantásticas viagens de Ulisses de volta à casa, por mares traiçoeiros...
Primeiro dia: praia; almoço; sono. Lá pelas cinco os dorminhocos acordaram, sem ter o que fazer. E antes que tivessem idéias próprias eu tomei a iniciativa. Com voz autoritária dirigi-me a eles, ainda sob o efeito do torpor: “Ei, vocês... Venham cá na sala. Quero lhes mostrar uma coisa...” Não consultei as bases. Teria sido terrível. Uma decisão democrática das bases optaria por ligar a televisão. Claro. Como poderiam decidir por uma coisa que ignoravam? Peguei o livro e comecei a leitura. Ao espanto inicial seguiu-se silêncio e  atenção. Vi, pelos seus olhos, que já estavam sob o domínio do encantamento. Daí para frente foi uma coisa só. Não me deixavam. Por onde quer que eu fosse, lá vinham eles com a Odisséia na mão, pedindo que eu lesse mais. Nem na praia me deram descanso.
Essa experiência me fez pensar que deve haver algo errado na afirmação que sempre se repete de que os adolescentes não gostam da leitura. Sei que, como regra, não gostam de ler. O que não é a mesma coisa que não gostar da leitura. Lembro-me da escola primária que freqüentei. Havia uma aula de leitura. Era a aula que mais amávamos. A professora lia para que nós ouvíssemos. Leu todo o Monteiro Lobato. E leu aqueles livros que se lia naqueles tempos: Heidi, Poliana, A ilha do tesouro. Quando a aula terminava era a tristeza. Mas o bom mesmo é que não havia provas ou avaliações. Era prazer puro. E estava certo. Porque esse é o objetivo da literatura: prazer. O que os exames vestibulares tentam fazer é transformar a literatura em informações que podem ser armazenadas na cabeça. Mas o lugar da literatura não é a cabeça: é o coração. A literatura é feita com as palavras que desejam morar no corpo. Somente assim ela provoca as transformações alquímicas que deseja realizar. Se não concordam, que leiam Guimarães Rosa que dizia que literatura é feitiçaria que se faz o sangue do coração humano.
Quando minha filha estava sendo introduzida na literatura o professor lhes deu como dever de casa ler e fichar um livro chatíssimo. Sofrimento dos adolescentes, sofrimento para os pais. A pura visão do livro provocava uma preguiça imensa, aquela preguiça que Barthes declarou ser essencial à experiência escolar. Escrevi carta delicada ao professor lembrando-lhe que Borges havia declarado que não havia razão para se ler um livro que não dá prazer quando há milhares de livros que dão prazer. Sugeri-lhe começar por algo mais próximo da condição emotiva dos jovens. Ele me respondeu com o discurso de esquerda, que sempre teve medo do prazer: “ O meu objetivo é produzir a consciência crítica...” Quando eu li isso percebi que não havia esperança. O professor não sabia o essencial. Não sabia que literatura não é para produzir consciência crítica. O escritor não escreve com intenções didático-pedagógicas. Ele escreve para produzir prazer. Para fazer amor. Escrever e ler são formas de fazer amor. É por isso que os amores pobres em literatura ou são de vida curta, ou são de vida longa e tediosa... Parodiando as palavras de Jesus “nem só de beijos e transas viverá o amor mas de toda palavra que sai das mãos dos escritores...”
E foi em meio a essas meditações que, sem que eu o esperasse, foi-me revelado o segredo da leitura...


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

HISTÓRIA - Alexandre, O Grande 356 a.C., Macedônia


Estátua de Alexandre o Grande na Cidade de Tessalônica
A mãe Olympia, segundo a lenda, no momento da concepção, sonhou que uma serpente entrou silenciosamente no seu quarto. Insinuando-se entre os cobertores, deslizou entre suas pernas e seus seios, e a possuiu sem machucá-la. E o seu sêmen se misturou com aquele que o marido, o rei Filipe II, lhe dera momentos antes de ser vencido pelo sono e pelo vinho. 
Alexandre era filho de Filipe da Macedônia, que se tornou rei em 338 a.C., dominando toda a Grécia, com exceção de Esparta. Os gregos sempre afirmaram desprezar a Macedônia, que consideravam um lugar atrasado e bárbaro.  Mas Filipe II estava determinado a mudar isso. Em 342 a.C., convidou o ateniense Aristóteles para ir até sua capital, Pella, ser professor particular de seu filho de 13 anos, Alexandre. Filipe queria que a educação do seu filho o preparasse para seu futuro papel como líder militar. Aristóteles, que nutria verdadeira paixão pela natureza (ele identificou mais de 500 espécies de animais), passou três anos dando aulas a Alexandre. Ensinou ao rapaz política, retórica, ciência, medicina e literatura grega. Mais tarde Alexandre iria encontrar inspiração no poema Ilíada, de Homero, que levava consigo nas campanhas.
Ao mesmo tempo, o príncipe se interessava pelas artes marciais e pela domesticação de cavalos. Na arte da guerra, Filipe II, militar experiente e corajoso, instruiu o filho com conhecimentos de estratégia e de comando. Alexandre, com 18 anos, pôde mostrar seu talento quando, à frente de um esquadrão de cavalaria, venceu o batalhão sagrado de Tebas, na Batalha de Queronéia, em 338 a.C.
Depois do assassinato de seu pai em 336 a.C., Alexandre assumiu o trono da Macedônia enfrentando resistência em algumas cidades gregas. Com o poder nas mãos, o jovem rei que viria a ser conhecido como Magno (ou o Grande) deu início à expansão territorial do reino e ao seu ambicioso projeto de conquistar o Império Persa. Contava com um exército poderoso e organizado, dividido em infantaria, cuja principal arma eram lanças de grande comprimento, e em cavalaria, que constituía a base do ataque rápido ao inimigo.
A conquista do Oriente Médio por Alexandre, iniciada com sua vitória e Granico em maio de 334 a.C., e a consequente dominação da Ásia Menor tornaram-se inevitáveis no ano seguinte, quando enfrentou e destruiu um exército muito maior o de Dario III.
Alexandre foi acumulando inúmeras  conquistas. Depois da vitória contra Dario em Isso, Alexandre marchou rumo ao sul e atravessou a Jordânia para chegar ao Egito, onde a antiga civilização havia sido reduzida à condição de província persa. O governador persa não teve como resistir, e Alexandre foi recebido como libertador. Subiu o Nilo até Mênfis,  onde sacrificou um touro a Amon, e logo depois foi coroado rei do Egito.
Alexandria em 1681
Em 331 a.C., Alexandre começou a procuraram lugar para fundar uma nova cidade que ligaria o Egito ao mundo grego. Descobriu um lugar na costa do Mediterrâneo  mencionado por Heródoto e Homero, na Odisseia; protegido pelo mar, pelo deserto e por outros obstáculos naturais, era uma localização central , de fácil defesa, e de onde se podia chegar a Grécia sem dificuldades. Alexandre demarcou ruas, palácios, templos, muralhas e até  mesmo um complexo sistema de esgoto. Poço depois, Alexandre deixou o Egito. Nunca chegou a ver concluída.
Em 332 a.C., ao chegar na Babilônia, Alexandre estava cheio de ambição e logo deu início aos planos de enviar uma frota para invadir a Arábia. No dia 29 de maio, porém, ele caiu doente depois de um longo banquete regado a muito álcool. Já estva febril, mas continuou a trabalhar, sendo carregado de modo a poder dar ordens a seu exército. Também continuo a cumprir seus rituais e deveres religiosos, mas de nada adiantou. Após duas semanas de febre, Alexandre faleceu aos 32 anos.
Começaram a circular boatos que havia sido envenenado, mas considerando todas as informações, é provável que tenha morrido de causas naturais, alguns fontes sugerem que tenha sido malária e que sua morte foi rápida devido aos remédios receitados pelos médicos.
Alexandria em 2011
AleNo dia 9 de julho, os veteranos do exército macedônio passaram pela última revista diante de seu líder. No leito de morte, Alexandre deu seu anel ao general Pérdicas, que perguntou sobre suas intenções em relação à sucessão, pois usa esposa, Roxana, estava grávida, respondeu “Que vença o melhor”. Após sua morte iniciaram as discussões da sucessão, levando a uma disputa de 55 anos conhecida como as guerras dos “diodochi” (sucessores).
O corpo embalsamado de Alexandre foi levado para o Egito e depositado em Alexandria, sua cidade à beira do Mediterrâneo. Ali permaneceu durante todo o período romano, mas desapareceu logo depois.
Hoje Alexandria é uma cidade do Egito, com uma população de cerca de 4,1 milhões de pessoas, é a segunda maior cidade do Egito, e o maior porto do país, servindo 80% das importações e exportações da cidade. Além disso, é um grande ponto turístico.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre,_o_Grande, O livro 1001 DIAS QUE ABALARAM O MUNDO - Peter Furtado

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Os Cheiros


Existem coisas que nunca esquecemos, os cheiros é uma delas, inúmeras vezes nos deparamos com um cheiro e ele nos remete a lembranças remotas ou não. No início de 2010 li “Os Cheiros” escrito por Danuza Leão, tirei a página da revista e sempre voltava a lê-lo. Me sentir,sinto, dentro de todos os cheiros, é como voltar, reviver ou viver. Existem textos, citações, poesias, pensamentos... que nos envolve, toca, passamos a ser parte deles ou ele é parte de nós?
Existem cheiros inesquecíveis. Cada pessoa tem seus prediletos. E basta uma mínima lembrança para que tudo volte: a temperatura do momento, a felicidade ou a tristeza que se sentia, as imagens de quem estava perto, tudo. Tudo. Cheiros podem ser alegres ou tristes. Era muito bom quando se entrava em casa depois do colégio, logo antes do almoço, e se sentia o cheiro do refogado – alho, cebola e tomate – para fazer o picadinho ou o bife de panela enrolado no bacon e preso por um palitinho. Quantos segundos você leva para atravessar o tempo e voltar aos seus 11 anos?
Flores do jardim da casa da minha mãe, em Morro do Chapéu - Bahia, cheiro inesquecível.
Lembra quando há muitos, muitos anos, você ia passar as férias na fazenda? Ah, uma fazenda tem aromas absolutamente inesquecíveis: o do capim, o da terra depois da chuva, o do estábulo onde se ia de manhã bem cedo tomar o leite tirado da vaca, ainda morno, numa canequinha de alumínio. E o cheiro da tangerina? Aliás, tangerina não, mexerica; aquela pobrinha, modesta, de casca fina, que deixava a mão cheirando durante três dias. Esse é um cheiro muito alegre. O cheiro do bolo saindo do forno é para sempre – bolo de tabuleiro, cortado em losangos, com cobertura de açúcar com limão, e um detalhe precioso: naquele tempo, por mais que se comesse não se engordava, e em cima da mesa havia sempre um vidro de fortificante para abrir o apetite. Que felicidade ter tido uma infância no interior! Mas existem outros aromas não ligados ao paladar e também inesquecíveis. O cheiro do mar quando se chega em Salvador – uma licença poética, com licença. E você já teve uma tia-avó que morava numa casa bem arrumada, cujo assoalho era encerado toda semana? O brilho era dado a mão, com uma escova de cabo alto como uma vassoura, e era chegar e ouvir: “Cuidado para não escorregar”. Que cheiro limpo, honesto, que cheiro de gente direita. Será que isso ainda existe?
Mas há também os cheiros angustiantes: os de hospital, de sala de cirurgia. Muito cheiro de flor você sabe o que lembra – melhor não falar disso. E existem os perfumes ricos: de carro novo, de um bom fumo de cachimbo. E vamos combinar: cheiro de alho é bom na cozinha, de sexo no quarto, e é proibido misturar. Por falar nisso, o cheiro do homem que se ama, depois do amor, é melhor nem lembrar para não desmaiar de saudade.
As cidades também têm seu cheiro, cada uma muito particular: se você for levada, de olhos vendados, para o Bloomingdale’s, sabe na hora que está em Nova York. E se respirar um aroma de cominho misturado a curry e a canela vai saber que está no souk de Marrakesh.
Mas existe um cheiro que só as mulheres conhecem. É o que elas sentem quando estão enxugando seus bebês depois do banho. É preciso que não haja uma só pessoa por perto num raio de 200 metros para não haver interferência de qualquer ordem. Sem nenhuma presença estranha – nem mesmo a do pai –, mãe e filho poderão dizer bobagens e rir de coisas que só eles vão entender. Depois do talco, a mãe vai botar o nariz no pescoço de sua cria e cheirar com todos os seus cinco sentidos. No princípio timidamente, mas cada vez mais forte, até quase arrebentar os pulmões de tanto amor. Na hora a gente não sabe, mas um dia vai saber: não existe nada igual a esse cheiro nem a esse momento, e nunca vai haver um melhor. Porque esse é o cheiro da vida.
Danuza Leão é cronista, autora de vários livros, entre os quais Na Sala com Danuza 2 (ARX) e Quase Tudo (Cia. das Letras) FotoEduardo Pozella

sábado, 5 de novembro de 2011

MINHA DOCE LOUCURA




Loucura, segundo o dicionário Aurélio é o distúrbio da mente do indivíduo que o afasta de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir. A inquietação nos faz pensar que somos loucos, a cabeça gira, não para de querer, de buscar, para, respira, pensa, é loucura. Minha loucura vem desde a infância, sempre querendo mais, questionando as regras de uma sociedade que só inibe.
Questionar um adulto nos anos 70 era falta de respeito, tinha que aceitar, pronto.  Não parei, questionava, procurava, era repreendida... persistia. Anos 80, adolescência, continuava tentando sair do padrão, mas a rédea me castigava, doía, mas felizmente, não parei, continuei na minha insanidade, a qual era alimentada pelos livros que já devorava.
Observava... ria da minha loucura, fui apresentada a outro louco (Márcio Brito), que alimentou ainda mais minha loucura, conversávamos, discutíamos, nos alimentávamos de descobertas, logo descobrir outro louco que me alimentou ainda mais Friedrich Nietzscher, inúmeras vezes uma de suas falas encaixou certinho na minha busca -Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez - a si próprio? – perdi as contas de quantas vezes me calei diante de muitos, principalmente de um certo professor de sociologia que não aceitava as minhas colocações, eram consideradas impuras, fora da realidade ditada por uma sociedade charlatã. Fugi da Igreja, ela considerava todos os meus questionamentos loucos, a tal falta de juízo, era ela ou o seu representante, talvez os dois, o representante era meu professor de sociologia.
Com Nietzscher, vieram outros tantos que até hoje alimentam minha alma. Lou Salomé viveu apaixonadamente – “Ouse, ouse... ouse tudo!!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!!” Florbela Espanca com sua busca tentando compreendê-la criava suas poesias que me fez/fazem viajar, entender a minha inquietação –
Minh’alma ardente é uma fogueira acessa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza
Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa
É nada ser perfeito! É deslumbrar
A noite tormentosa até cegar
E tudo ser em vão! Deus, que tristeza!...

Entrou na minha vida quietinho falando baixinho e apoderou de todos os meus sentidos, meu grande Mário Quintana doce, usando suas palavras “Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele”... tantos me alimentaram, Manoel de Barros, Pablo Neruda, meu conterrâneo Jorge Amado, meu lindo Caetano, meus amores são inúmeros, o louco e apaixonante Dom Quixote, necessito agradecer ao criador desse meu amor Miguel de Cervantes, Dom Quixote disse: “Sonhar o sonho impossível, sofrer a angústia implacável, pisar onde os bravos não ousam, reparar o mal irreparável, amar um amor casto à distância, enfrentar o inimigo invencível, tentar quando as forças se esvaem, alcançar a estrela inatingível: Essa é a minha busca”. Como poderia esquecer aquela que a sua poesia me faz sentir ninada, a minha doce, amada Cora Coralina, aquela da rua da ponte, aquela que diz que foi uma menina feia, ela é ...aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. Impossível citar todos que me levam a me deliciar com minha lúcida loucura.
O tempo passou minha loucura tomou rumos diversos, conheci outros alimentadores da alma, as regras insistem em me podar, mas a inquietude é mais forte e procuro caminhar, encontrando brechas... assim vou alimentando minha loucura, com conhecimentos diversos, com poesia, com uma vontade de viver cada dia mais forte...
Concluo, ou não, com Clarice Lispector
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.