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domingo, 22 de janeiro de 2012

"O fim das certezas"


            Lendo o texto “O fim das certezas”, de Luis Paulo Rouanet, publicado na revista Filosofia, nº 65, deparei com citações, questionamentos que nós educadores temos ou deveríamos ter. Ficamos bitolados nas disciplinas com a qual trabalhamos nos julgando os especialistas, não nos importando com o restante que nos cerca. Hoje o que mais falamos é de inclusão, pensamos logo nos nossos alunos, mas nós educadores precisamos nos deixar incluir, existe uma grande resistência às mudanças, enquanto educadores não podemos nos permitir a fazer parte desta estatística, na realidade em que vivemos precisamos ser camaleões...
Abaixo postei uma pequena parte do texto a que me referi supra.
(...) os teóricos precisam trabalhar não só dentro do campo de suas especialidades mas, a partir delas, interagir com outras áreas, pois o conhecimento humano é um todo, que é mais do que a mera soma de suas partes.
Dada essa necessidade de interpretação, o trabalho, agora, deve operar-se em grupo, e não mais somente individualmente. Já Bachelard dizia, em seu complexo (ET pour cause...) O novo espírito científico: “Eis doravante o guia do pensamento teórico: o grupo”.
(...) o pensamento complexo visa, sim, transcender as fronteiras, as áreas, os paradigmas. Trata-se de estimular a comunicação entre áreas até então separadas, às vezes dentro da mesma grande área. Por exemplo, o sociólogo do conhecimento muitas vezes não conversa com epistemólogos, e vice-versa. O cientista político não se entende com o filósofo político, e reciprocamente. A meu ver, tem que acabar essa segmentação. Não se pode mais desqualificar o interlocutor, com argumentos ad hominem, dizendo que estes são de outra área, ou disciplina, que não a sua. O fim das certezas acarreta, entre outras coisas, a necessidade maior de humildade, de ampliação do próprio conhecimento, rumo a uma erudição mínima, e o trabalho em grupo. Para trabalhar em grupo, é preciso, claro, partir da própria pesquisa individual, mas como maneira de inserir-se no diálogo com o outro, com colegas de outras especialidades. Sem um ponto de partida específico não se tem como contribuir para o enriquecimento da discussão. Mas o pensamento complexo indica que o filósofo, ou o cientista exato, ou de biológicas, tem que ter também, em alguma medida, o conhecimento da área de saber dos demais. Não cabe mais a separação entre Filosofia e ciências, entendidas estas de modo amplo, e incluindo a relação com a Literatura. Muitos autores, além dos citados, contribuíram para esse novo paradigma: Isaiah Berlin, Richard Rorty, Michel serres, Jacques Derrida, Michael Walzer, entre muitos. Trata-se de um novo conceito de conhecimento, e de racionalidade, mais aberto, mais plural, mais inclusivo.

 Fonte: Revista Filosofia - Nº 65 - texto: O fim das certezas - Luiz Paulo Rouanet é Doutor em Filosofia pela USP e pesquisador colaborador da Unicamp. É autor de Rawls e o Enigma da Justiça (Unimarco, 2002) e Paz, Justiça e Tolerância no Mundo Contemporâneo (Loyola, 2010)

domingo, 8 de janeiro de 2012

Estudantes descobrem riqueza histórica e cultural dos povos indígenas


Abomino qualquer tipo de preconceito, alguns dos quais já sentir e sinto como os regionais (piadas com baianos e nordestinos). No Brasil o preconceito é mascarado, dentre tantos existe o preconceito com os índios, para os desinformados os índios são taxados de “preguiçosos”. Essas pessoas deveriam buscar conhecer a cultura indígena, não ficar bitolado apenas no que aprendeu em sala de aula. Como descendente de índio, fico extremamente feliz com trabalhos desenvolvidos como os das professoras Cassiana Neta Damaceno e Kátia Cristiani Borges divulgados no site do Ministério de Educação, o qual exponho abaixo.

Estudantes descobrem riqueza histórica e cultural dos povos
Rovênia Amorim  -     Sexta-feira, 06 de janeiro de 2012
No ano letivo de 2011, duas professoras que não se conhecem e moram em cidades distantes decidiram desenvolver projetos pedagógicos sobre os indígenas do Brasil. Tanto Cassiana Neta Damaceno, coordenadora pedagógica da Escola Estadual Garça Branca, em Guiratinga (MT), quanto Kátia Cristiani Borges, a professora de história na Escola Gertrudes Milbratz, em Jaraguá do Sul (SC), ficaram surpresas com o entusiasmo dos alunos em pesquisar e descobrir a história e a cultura de povos tão diferentes.
“O projeto Revendo a Questão Indígena no Brasil foi importante porque muitas pessoas falam coisas que não são verdadeiras”, diz Cassiana. “Acham que os índios são preguiçosos, mas ignoram que esses povos têm cultura própria e outro ritmo de vida.”
Na escola de Kátia, os alunos do sexto ano recorreram a uma página na internet indicada pela professora para escolher um grupo indígena a ser pesquisado. No total, foram realizados trabalhos sobre 18 grupos étnicos de diferentes regiões do país.
Nas duas escolas, professores e alunos descobriram como os indígenas influenciaram e ajudaram a moldar a sociedade brasileira e como herdamos deles palavras, costumes e culinária. “Eles perceberam que os índios atuais são descendentes daqueles que estavam aqui em 1500, na época da chegada dos portugueses”, diz Kátia. “Os alunos viram que somos todos iguais, nativos da mesma terra.”
Situada a 180 quilômetros de Florianópolis, Jaraguá do Sul é uma cidade de 143 mil habitantes, com fortes heranças da colonização alemã. As diferentes culturas que os alunos descobriram na internet parecem, num primeiro momento, uma realidade distante. Mas a influência indígena está no próprio nome da cidade. Jaraguá, na língua tupi-guarani, significa senhor do vale. É como os índios chamavam o Morro da Boa Vista, um dos mais imponentes da cidade.
Na região de Santa Catarina, os tupis-guaranis predominavam no litoral. No interior, vales, encostas e planaltos viviam os xoclengues e caingangues. 
Festa — O município de Guiratinga, a 320 quilômetros de Cuiabá, tem 14 mil habitantes. O nome da cidade tem origem no tupi-guarani e significa garça branca. O projeto sobre os indígenas culminou com uma festa de fim do ano letivo da escola. Tanto os alunos do ensino fundamental regular quanto os das classes de educação de jovens e adultos recontaram lendas e participaram de encenações.
Zildo Oliveira Campos, 45 anos, concluiu o ensino fundamental pela educação de jovens e adultos em 2011. “Acho que sou meio índio, mas antes do projeto não tinha noção de como é a vida deles, como é a comida”, diz. Ele foi o pajé na encenação. “Contei a lenda de como surgiu o pé de guaraná.”
Pesquisa — Em Jaraguá do Sul, o desafio dos estudantes da Escola Gertrudes Milbratz era descobrir os costumes e as particularidades dos indígenas brasileiros. Divididos em duplas, eles pesquisaram na internet sobre 18 tribos indígenas. Das mais populares, como os ianomâmis, os pataxós e os xavantes, até os grupos mais desconhecidos — aicanãs, mundurucus e xetás. “Apenas indiquei uma página sobre o tema na internet e os orientei a observar alguns grupos para escolherem um”, diz a professora Kátia. Todos os alunos elaboram textos e prepararam cartazes para apresentação do trabalho em sala de aula.
Alexandre Gnewuch, Gabrieli Borchard e Amanda Costa Sanches, todos de 12 anos, colegas de classe, gostaram de fazer a pesquisa. “Os aicanãs vivem na região Norte e estão quase extintos”, diz Alexandre. Amanda estudou sobre uma tribo mais numerosa, os guaranis-caiouás, que se concentram em Mato Grosso do Sul e na fronteira com o Paraguai. “São mais de 77 mil índios dessa tribo”, ressalta a estudante.
O trabalho de Gabrieli abordou os arauetés, que vivem na margem direita do alto Xingu, no Pará. “Eles acreditam que vivem num mundo entre dois céus e o mundo dos brancos. O mundo deles é o que já foi habitado pelos deuses”, conta. Ou seja, o melhor dos mundos é o deles, o mundo indígena.
Confira o blog da Escola Garça Branca
Confira a página Povos Indígenas no Brasil