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quarta-feira, 4 de junho de 2014

É ISSO!!!!

Dizem que quando estamos lendo, em alguns trechos nos encontramos,  isso é real, acontece sempre. Escancaro o que sinto, o que desejo, escancaro mesmo, com fotos, com frases, não me escondo, às vezes recuo, mas sempre volto com tudo, mesmo quando até o "dedão dói", eu vivo, tropeçando mas vivo... escancaro e mostro o que sinto, não tenho meio termo, meio termo pra mim é falta de coragem e isso "tento ter de sobra", às vezes sou frágil, emotiva, forte... quantas vezes já fui?? Isso tudo é porque estava lendo Veríssimo e eis que: “Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.”

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ELA E A VASSOURA - ATITUDE



Gosto de observar, algo sempre me chama a atenção. Nas últimas semanas o que mais me chama atenção é uma senhora varrendo um estacionamento que fica próximo ao Banco Regional de Brasília do Núcleo Bandeirante. Tenho que passar todos os dias por ali entre sete e quinze às sete e vinte. Comento com minha filha o que a faz fazer isso? Hoje fui a pé levar minha filha ao colégio e na volta resolvi conversar com a senhora, me aproximei falei que sempre passo e a vejo varrendo e que havia achado interessante, ela sorriu um pouco assustada e simplesmente respondeu: Mudei, agora moro aqui. Com um gesto me indicou o prédio, virou-se e continuou varrendo, me despedi parabenizando e falando que o gesto dela é lindo.

As ruas do Núcleo Bandeirante estão sempre sujas, vejo garis trabalhando, mas a limpeza não é das melhores, o pior, eles limpando e o povo sujando. É comum você está andando e alguém a sua frente simplesmente joga algo que está segurando no chão e acha a atitude normal, isso me enerva. Os próprios comerciantes colaboram depositando lixo fora do horário.

Na minha infância algumas pessoas no interior além varrerem suas calçadas também variam uma parte da rua. Tudo bem que seja responsabilidade do governo, mas se cada um fizesse um pouquinho, nosso país estaria muito melhor, mesmo com os “questionáveis” representantes que elegemos pra nos representar.

Fica aí mais uma pessoa linda que passou pelos meus olhos, e ficou a lição, ela faz sem esperar nada em troca, faz pelo prazer de sair do seu prédio e vê uma rua limpa, habitável.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CAETANO VELOSO - 71 ANOS

“A Bahia é linda, Caetano é lindo’ – uns riem, outros não, mas o fato é que ele é lindo, meu lindo, que hoje completa 71 anos, um senhor menino, que canta, dança e encanta, sim, encanta meus ouvidos, meus sonhos, deixando minha vida mais leve desde que me entendo por gente...  Não importa se foi ouvindo Você é Linda, ou Eclipse Oculto onde descobrir que todo leonino tem coração de galinha (risos), como também ouvindo Mimar Você – tão suave, tão, tão, tão... Ahhh meu lindo, espero que sua vida seja longa... longa... longa... que você continue criando e encantando, pura poesia... Tanta coisa LINDA você já escreveu... hoje findo com Oração ao Tempo, para o Senhor que “és um senhor tão bonito”. 


Oração ao Tempo - Caetano Veloso


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo Tempo Tempo Tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo Tempo Tempo Tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Entro num acordo contigo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo Tempo Tempo Tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo Tempo Tempo Tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo Tempo Tempo Tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo Tempo Tempo Tempo
Quando o tempo for propício
Tempo Tempo Tempo Tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo Tempo Tempo Tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo Tempo Tempo Tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Apenas contigo e migo
Tempo Tempo Tempo Tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Não serei nem terás sido
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo Tempo Tempo Tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo Tempo Tempo Tempo

terça-feira, 16 de julho de 2013

PESSOAS HABITADAS

Martha Medeiros

Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a como sendo boa gente, esforçada, ótimo caráter. “Só tem um probleminha: não é habitada”. Rimos. É uma expressão coloquial na França — habité — mas nunca tinha escutado por estas paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma dizer “aquela ali tem gente em casa” quando se refere a pessoas que fazem diferença.
Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.
Retornando ao assunto: pessoas habitadas são aquelas possuídas, de fato, por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por causa disso. Não transformam suas “inadequações” em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uma relação mais do que cordial.
Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. Interessam, mas causam dano. Eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, “The Cannibal”, ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, que só tem gente em casa porque está grávida.
Zzzzzzzzzzz.
Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer é nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

UM IDOSO NA FILA DO DETRAN


Zuenir Ventura, pra mim, tem um significado singular, me apaixonei por ele quando li 1968:O ano que não terminou. O livro, inicialmente, me chamou a atenção por ser o ano que nasci. Retrata os fatos que marcaram o movimentado ano de 1968 no Brasil e no mundo. Enfim me apaixonei pelo Zuenir Ventura. Em 2012, na 1ª Bienal do Livro em Brasília, eu estava lá na primeira fila, chegou aquele senhor de cabelos brancos, lindo, com tantas histórias... me apaixonei ainda mais. Hoje folheando o livro As cem melhores crônicas brasileiras, encontrei a crônica "Um idoso na fila do DETRAN" do Zuenir Ventura, maravilhosa como tudo o que ele escreve.


UM IDOSO NA FILA DO DETRAN 

 Zuenir Ventura

O senhor aqui é idoso", gritava a senhora para o guarda, no meio da confusão na porta do Detran da Avenida Presidente Vargas, apontando com o dedo o tal "senhor". Como ninguém protestasse, o policial abriu o caminho para que o velhinho enfim passasse à frente de todo mundo para buscar a sua carteira.

Olhei em volta e procurei com os olhos 0 velhinho, mas nada. De repente, percebi que o "idoso" que a dama solidária queria proteger do empurra-empurra não era outro senão eu.

Até hoje não me refiz do choque, eu que já tinha me acostumado a vários e traumáticos ritos de passagem para a maturidade: dos 40, quando em crise se entra pela primeira vez nos "entra"; dos 50, quando, deprimido, salte que jamais vai se fazer outros 50 (a gente acha que pode chegar aos 80, mas aos 100?); e dos 60, quando um eufemismo diz que a gente entrou na "terceira idade". Nunca passou pela minha cabeça que houvesse uma outra passagem, um outro marco, aos 65 anos. E, muito menos, nunca achei que viesse a ser chamado, tão cedo, de "idoso", ainda mais numa fila do Detran.



Na hora, tive vontade de pedir à tal senhora que falasse mais baixo. Na verdade, tive vontade mesmo foi de lhe dizer: "idoso é o senhor seu pai. O que mais irritava era a ausência total de hesitação ou dúvida. Como é que ela tinha tanta certeza? Que ousadia! Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos, se nem pediu pra ver minha identidade? E 0 guarda paspalhão, por que não criou um caso, exigindo prova e documentos? Será que era tão evidente assim? Como além de idoso eu era um recém-operado, acabei aceitando ser colocado pela porta adentro. Mas confesso que furei a fila sonhando com a massa gritando, revoltada: "esse coroa tá furando a fila! Ele não é idoso! Manda ele lá pro fim!" Mas que nada, nem um pio.

O silêncio de aprovação aumentava o sentimento de que eu era ao mesmo tempo privilegiado e vítima — do tempo. Me lembrei da manhã em que acordei fazendo 60 anos: "Isso é uma sacanagem comigo", me disse, "eu não mereço." Há poucos dias, ao revelar minha idade, uma jovem universitária reagira assim: "Mas ninguém lhe dá isso." Respondi que, em matéria de idade, o triste é que ninguém precisa dar para você ter. De qualquer maneira, era um gentil consolo da linda jovem. Ali na porta do Detran, nem isso, nenhuma alma caridosa para me "dar" um pouco menos.

Subi e a mocinha da mesa de informações apontou para os balcões 15 e 16, onde havia um cartaz avisando: "Gestantes, deficientes físicos e pessoas idosas." Hesitei um pouco e ela, já impaciente, perguntou: "O senhor não tem mais de 65 anos? Não é idoso?"

— Não, sou gestante — tive vontade de responder, mas percebi que não carregava nenhum sinal aparente de que tinha amamentado ou estava prestes a amamentar alguém. Saí resmungando: "não tenho mais, tenho  65 anos."

O ridículo, a partir de uma certa idade, é como você fica avaro em matéria de tempo: briga por causa de um mês, de um dia. "Você nasceu no dia 14, eu sou do dia 15", já ouvi essa discussão.

Enquanto espero ser chamado, vou tentando me lembrar quem me faz companhia nesse triste transe. Ai, se não me falha a memória — e essa é a segunda coisa que mais falha nessa idade —, me lembro que Fernando Henrique, Maluf e Chico Anysio estariam sentados ali comigo. Por associação de idéias, ou de idades, vou recordando também que só no jornalismo, entre companheiros de geração, há um respeitável time dos que não entram mais em fila do Detran, ou estão quase não entrando: Ziraldo, Dines, Gullar, Evandro Carlos, Milton Coelho, Janio de Freitas (Lemos, Cony, Barreto, Armando e Figueiró já andam de graça em ônibus há um bom tempo). Sei que devo estar cometendo injustiça com um ou com outro — de ano, meses ou dias —, e eles vão ficar bravos. Mas não perdem por esperar: é questão de tempo.

Ah, sim, onde é que eu estava mesmo? "No Detran", diz uma voz. Ah, sim. "E o atendimento?" Ah, sim, está mais civilizado, há mais ordem e limpeza. Mas mesmo sem entrar em fila passa-se um dia para renovar a carteira. Pelo menos alguma coisa se renova nessa idade.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

SEI, OU NÃO?


O que concluir? Nada, continuo com - Só sei que nada sei – se penso porque existo, tenho certeza que existo porque penso, certeza? De que se só sei que nada sei...

“Como posso acreditar no que vejo, ouço, percebo se todos sabemos que os sentidos nos enganam? Como posso ter certeza de que eu esteja aqui, sentado juto ao fogo? Como poderia eu ter certeza de que estas mãos são minhas? Os loucos acreditam que são eis. Além do mais, quantas vezes sonhei que estava neste lugar, vestindo esta roupa? Mas mesmo sonhando consigo admitir que dois mais dois são quatro e o quadrado terá sempre quatro lados, mas e se um deus enganador, ou um gênio maligno, me fez acreditar nestas verdades? Como posso ter certeza que isso não é um engano? Mas e eu, serei eu alguma coisa? Eu, que me convenci de que nada existia no mundo, terei me convencido também de que não existo? Certamente não. Se me engano, não há dúvida de sou alguma coisa. Sou uma coisa que pensa, que duvida. Posso duvidar de tudo, mas tenho certeza de que estou aqui pensando, duvidando.”

Um resumo feito por Viviane Mosé de um trecho das Meditações metafísicas de René Descartes – ( O homem que sabe – Viviane Mosé)

domingo, 25 de novembro de 2012

25 DE NOVEMBRO - DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER



          Um olhar lhe subtrai, um gesto lhe amedronta, isso é violência. A violência pode não deixar marcas aparentes, mas deixa outras marcas que doem tanto quanto ou mais, pois ficam pra vida inteira... Elas deixam cicatrizes na alma, na sua existência... Nossa “colcha de retalhos” perde o colorido, isso é violência velada. Muitas vivem a vida inteira nessa condição.
No dia 25 de novembro foi lançada a CAMPANHA MUNDIAL DE COMBATE A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES e se estenderá até o dia  10 de dezembro, "Dia Internacional dos Direitos Humanos".
A data de 25 de novembro de 1960 ficou conhecida mundialmente devido o maior ato de violência cometida contra mulheres. As irmãs Dominicanas Pátria, Minerva, e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”, que lutavam por soluções para problemas sociais de seu país foram perseguidas, diversas vezes presas até serem brutalmente assassinadas.
Dados da OMS sobre violência contra a mulher mostra que me 84 países do mundo, o Brasil se encontra em 7º lugar, com taxa de 4,4 homicídios a cada 100 mil mulheres, demonstrando que o Brasil, segundo Sandra Machado continua sendo “Um país medievalmente patriarcal”.